Caro irmão,
Em resumo, o assunto é o seguinte:
O homem possui livre-arbítrio. Chamamos isso de vontade particular. A criação de Deus, por sua vez, é chamada de vontade universal, poder criativo, ou seja, poder (estas são qualidades de Deus). Quando a questão é abordada sob o aspecto de Deus, parece que Deus força as coisas a acontecerem, e assim elas acontecem, e dessa forma, a questão entra…
álgebra
entra. Quando a questão é abordada do ponto de vista humano, entende-se que o homem faz suas próprias coisas, e aí entra em cena
“cada um é o criador de suas próprias ações”
que consiste apenas em pensamento
Mu’tazilismo
a ideia está surgindo.
Tudo o que acontece no universo é criado por Deus.
Nesta pergunta
“vontade universal”
é exatamente isso que está escrito ali. Na verdade,
“E Deus criou a vós e o que fazeis…”
Ou seja, o Criador de vocês e de vossas ações é somente Alá.
Por exemplo:
Se você construísse um táxi ou uma casa, quem criou essas coisas é Deus. Você e suas ações pertencem a Deus. Mas em todas essas coisas que surgem, há algo que também é seu, que é o esforço e a ação. Isso é uma condição ordinária e uma causa simples. Assim como tocar um botão em uma enorme rede elétrica que iluminará o mundo. Nesse caso,
“Vocês não têm nada, não podem fazer nada.”
Assim como não se pode dizer que a ação é totalmente vossa, também não se pode dizer que a ação é totalmente de Deus. A ação é inteiramente de Deus. Mas, ao criar essas ações que vos pertencem, Deus considerou a vossa intervenção mínima como condição ordinária e construiu sobre ela o que Ele fará.
Por exemplo:
A mecânica elétrica dentro desta mesquita foi instalada por Deus; Ele a fez funcionar e operar. O ato de iluminá-la novamente também pertence a Deus. A geração de luz a partir de correntes eletrônicas, a iluminação da mesquita, são atos. E estes também…
“Nuran Nur, Münevvirun Nur, Musavvirun Nur”
A iluminação da mesquita é atribuída a Deus (CC). Mas, no que diz respeito à iluminação desta mesquita, vocês também têm uma intervenção; que é apenas tocar no botão ajustado por Deus, neste mecanismo que Deus estabeleceu. A função de iluminação desse mecanismo, que está muito além da vossa vontade e capacidade, é totalmente atribuída a Deus.
Vamos apresentar mais um exemplo:
Por exemplo, consideremos uma máquina preparada, em funcionamento, pronta para operar; e que a única tarefa atribuída a você seja a de pressionar o botão para colocá-la em funcionamento. A ação de colocar essa máquina em movimento, no entanto, é exclusiva daquele que a construiu e a criou. Portanto, a essa pequena intervenção humana,
“kesb”
ou
“livre arbítrio”
dizemos. Mas o que pertence a Deus,
“criar, dar forma”
dizemos. E assim, nos deparamos com uma cisão da vontade:
A)
Vontade universal,
B)
Vontade Particular.
A vontade, que significa desejar, querer, pertence inteiramente a Deus.
“E não desejais senão o que Alá quiser.”
Que não haja mal-entendido. Enquanto nós pensamos assim, o servo também…
“Tem tanta vontade que nem se pode tocar-lhe num dedo”
ao dizer isso, nos afastamos de um pensamento totalmente determinista. Ao dizer que é Deus quem faz acontecer as coisas,
Escola Mu’tazilita
com isso, demonstramos que não pensamos assim. Dessa forma, não estamos associando a Deus nenhum parceiro ou igual, nem em sua divindade, nem em sua soberania. Assim como Deus (CC) é único em sua essência, também é único em suas ações… Ele não faz com que outros façam seu trabalho. Deus (CC) criou tudo Ele mesmo. Mas, para certos mistérios e sabedorias, como a oferta e a provação, Ele também aceitou a mediação dos humanos como uma condição ordinária.
Para esclarecer melhor o assunto, gostaria de apresentar um exemplo que Bediüzzaman Hazretleri deu sobre este tema. Ele diz:
“Se você, atendendo ao pedido de uma criança, a pegar no colo; e ela disser: leve-me a tal lugar; e você a levar lá; e ela lá ficar com frio e adoecer, ela dirá a você:
‘Por que você me trouxe aqui?’
poderia ele se opor? Claro que não. Porque ele mesmo pediu. Além disso, a ele:
‘Você pediu por isso!’
dizendo isso, você dá dois tapas. Agora, pode-se negar a vontade da criança nesse caso? Claro que não. Porque ela pediu e quis. Mas você é quem a levou para lá… A criança também não ficou doente por conta própria. Talvez tenha sido apenas um pedido dela. Portanto, aqui, quem dá a doença, quem leva para lá e quem pede essa coisa são separados. É com esse significado e essa compreensão que vemos o destino e a vontade humana.”
A verdade da situação só pode ser conhecida por quem aprecia tudo.
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas