Uma pessoa que comete um pecado, o comete por livre e espontânea vontade, ou é forçada a cometer o pecado por causa do seu destino, sem ter escolha?

Resposta

Caro irmão,


Em resumo, o assunto é o seguinte:

O homem possui livre-arbítrio. Chamamos isso de vontade particular. A criação de Deus, por sua vez, é chamada de vontade universal, poder criativo, ou seja, poder (estas são qualidades de Deus). Quando a questão é abordada sob o aspecto de Deus, parece que Deus força as coisas a acontecerem, e assim elas acontecem, e dessa forma, a questão entra…

álgebra

entra. Quando a questão é abordada do ponto de vista humano, entende-se que o homem faz suas próprias coisas, e aí entra em cena

“cada um é o criador de suas próprias ações”

que consiste apenas em pensamento

Mu’tazilismo

a ideia está surgindo.


Tudo o que acontece no universo é criado por Deus.

Nesta pergunta

“vontade universal”

é exatamente isso que está escrito ali. Na verdade,


“E Deus criou a vós e o que fazeis…”

Ou seja, o Criador de vocês e de vossas ações é somente Alá.


Por exemplo:

Se você construísse um táxi ou uma casa, quem criou essas coisas é Deus. Você e suas ações pertencem a Deus. Mas em todas essas coisas que surgem, há algo que também é seu, que é o esforço e a ação. Isso é uma condição ordinária e uma causa simples. Assim como tocar um botão em uma enorme rede elétrica que iluminará o mundo. Nesse caso,

“Vocês não têm nada, não podem fazer nada.”

Assim como não se pode dizer que a ação é totalmente vossa, também não se pode dizer que a ação é totalmente de Deus. A ação é inteiramente de Deus. Mas, ao criar essas ações que vos pertencem, Deus considerou a vossa intervenção mínima como condição ordinária e construiu sobre ela o que Ele fará.


Por exemplo:

A mecânica elétrica dentro desta mesquita foi instalada por Deus; Ele a fez funcionar e operar. O ato de iluminá-la novamente também pertence a Deus. A geração de luz a partir de correntes eletrônicas, a iluminação da mesquita, são atos. E estes também…

“Nuran Nur, Münevvirun Nur, Musavvirun Nur”

A iluminação da mesquita é atribuída a Deus (CC). Mas, no que diz respeito à iluminação desta mesquita, vocês também têm uma intervenção; que é apenas tocar no botão ajustado por Deus, neste mecanismo que Deus estabeleceu. A função de iluminação desse mecanismo, que está muito além da vossa vontade e capacidade, é totalmente atribuída a Deus.


Vamos apresentar mais um exemplo:

Por exemplo, consideremos uma máquina preparada, em funcionamento, pronta para operar; e que a única tarefa atribuída a você seja a de pressionar o botão para colocá-la em funcionamento. A ação de colocar essa máquina em movimento, no entanto, é exclusiva daquele que a construiu e a criou. Portanto, a essa pequena intervenção humana,

“kesb”

ou

“livre arbítrio”

dizemos. Mas o que pertence a Deus,

“criar, dar forma”

dizemos. E assim, nos deparamos com uma cisão da vontade:



A)

Vontade universal,


B)

Vontade Particular.

A vontade, que significa desejar, querer, pertence inteiramente a Deus.


“E não desejais senão o que Alá quiser.”

Que não haja mal-entendido. Enquanto nós pensamos assim, o servo também…

“Tem tanta vontade que nem se pode tocar-lhe num dedo”

ao dizer isso, nos afastamos de um pensamento totalmente determinista. Ao dizer que é Deus quem faz acontecer as coisas,

Escola Mu’tazilita

com isso, demonstramos que não pensamos assim. Dessa forma, não estamos associando a Deus nenhum parceiro ou igual, nem em sua divindade, nem em sua soberania. Assim como Deus (CC) é único em sua essência, também é único em suas ações… Ele não faz com que outros façam seu trabalho. Deus (CC) criou tudo Ele mesmo. Mas, para certos mistérios e sabedorias, como a oferta e a provação, Ele também aceitou a mediação dos humanos como uma condição ordinária.

Para esclarecer melhor o assunto, gostaria de apresentar um exemplo que Bediüzzaman Hazretleri deu sobre este tema. Ele diz:


“Se você, atendendo ao pedido de uma criança, a pegar no colo; e ela disser: leve-me a tal lugar; e você a levar lá; e ela lá ficar com frio e adoecer, ela dirá a você:

‘Por que você me trouxe aqui?’

poderia ele se opor? Claro que não. Porque ele mesmo pediu. Além disso, a ele:

‘Você pediu por isso!’

dizendo isso, você dá dois tapas. Agora, pode-se negar a vontade da criança nesse caso? Claro que não. Porque ela pediu e quis. Mas você é quem a levou para lá… A criança também não ficou doente por conta própria. Talvez tenha sido apenas um pedido dela. Portanto, aqui, quem dá a doença, quem leva para lá e quem pede essa coisa são separados. É com esse significado e essa compreensão que vemos o destino e a vontade humana.”

A verdade da situação só pode ser conhecida por quem aprecia tudo.


Com saudações e bênçãos…

O Islamismo em Perguntas e Respostas

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