Caro irmão,
Em sua obra intitulada Hutbe-i Şamiye, Bediüzzaman Hazretleri,
“Nós, muçulmanos, discípulos do Alcorão, seguimos a prova. Entramos nas verdades da fé com nossa razão, nosso pensamento e nosso coração. Não abandonamos a prova para imitar os clérigos, como fazem alguns membros de outras religiões.”
diz. Em outra de suas obras, ele também diz:
“Não permitam que todas as palavras que ouvem entrem no coração. As palavras que lhes digo, deixem-nas na mão da imaginação, testem-nas. Se forem ouro, guardem-nas no coração…”
ordenou.
Quando se investigam as verdades estabelecidas por estudiosos e guias espirituais no Islamismo, observa-se que essas verdades são baseadas em evidências racionais e reveladas.
Todas as correntes de pensamento islâmicas legítimas, embora concordem nos pontos essenciais da religião, diferem em alguns aspectos de interpretação. Os muçulmanos seguem uma dessas correntes em relação às regras de culto e transações. Até mesmo todos os santos, os polos e os sábios dotados de conhecimento e sabedoria, que possuíam dons e milagres, pertenciam a uma dessas correntes de pensamento legítimas.
Por exemplo: Imam Muhammad, Imam Abu Yusuf, Serahsi, Qadi Khan, Kuduri, Ibn Abidin seguiram a escola de pensamento Hanafi. Imam Ghazali, Razi, Nawawi, Fakhr al-Din al-Razi, Tafazani, Imam Suyuti seguiram a escola de pensamento Shafi’i; Ibn al-Hajib, Zarkashi, Muhyiddin Ibn Arabi, Abu al-Hasan al-Shazili seguiram a escola de pensamento Maliki; e Abd al-Qadir al-Jilani, Ibn Qudama, al-Jawzi seguiram a escola de pensamento Hanbali.
Muitos estudiosos, muitos juristas, muitos grandes homens, que reuniram os conhecimentos racionais e tradicionais e produziram inúmeras obras, iluminando seus séculos de forma digna, preferiram seguir os quatro grandes imames, não se dedicando à ijtihad, e consideraram isso uma honra. Eles encontraram a salvação e a felicidade em seguir esses imames, seguindo o caminho desses grandes líderes. Os grandes estudiosos que se destacaram nos períodos mais gloriosos do Islã tornaram-se os melhores sucessores desses quatro imames, por meio das obras que escreveram e dos alunos que formaram.
Milhares de estudiosos e intelectuais, que viveram em diferentes épocas e lugares, com diferentes temperamentos e profissões, aderiram unanimemente às correntes de pensamento desses quatro imames, vivendo e transmitindo as questões que eles interpretaram.
O fato de tantos estudiosos especializados em ramos do conhecimento como teologia, exegese e hadith seguirem os mujtahids não é uma imitação cega.
Essas imitações são baseadas em pesquisa. O respeito pela especialização é a base dessas imitações.
Sim, é possível que pessoas com mentes tão aguçadas, com tanta habilidade em conhecimento e sabedoria, permaneçam apegadas a algum erro sem fundamento por toda a vida, seguindo cegamente esses grandes estudiosos? Uma mente que considere e aceite isso é inimaginável.
O fato de esses estudiosos se reunirem em torno dessas quatro correntes de pensamento é como uma muralha de aço erguida em torno delas, uma barreira intransponível, como o dique de Zulqarnain. É uma muralha que nenhum demônio pode penetrar ou romper.
Esses indivíduos aceitaram como verdade cada um dos pareceres emitidos pelos grandes jurisconsultos, não tomando posição contra eles. Por exemplo, Imam Ghazali, que foi objeto de admiração e respeito em todo o mundo islâmico e que recebeu o título de Hujjat al-Islam, apesar de sua própria posição, seguiu Imam Shafi’i em matéria de ijtihad, e disse:
“Eu fiz pesquisas e estudos na área da ijtihad, e esses resultados me levaram à escola de pensamento de Shafi’i…”
O sucesso em tudo depende da ajuda divina.
Sem a graça de Deus, ninguém pode alcançar o sucesso em seus empreendimentos, por mais que se esforce e tome providências. É claro que é necessário recorrer aos meios, mas o essencial é a graça e a bênção de Deus.
A redução do número de correntes de pensamento de doze para quatro também está ligada a este segredo.
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas
