Caro irmão,
Antes de mais nada, é preciso entender a relação da questão com o Islã e seus dogmas, pois, caso contrário, não se compreende o problema.
São proposições que, no campo científico, relacionam os resultados de experimentos e observações entre si, de acordo com o princípio da coerência, ligando-os a uma causalidade teórica de validade relativa.
Como os experimentos e as observações não podem abranger todas as realidades de tempo e espaço, eles não podem conter uma confirmação ou refutação absoluta. No entanto, eles também não expressam uma probabilidade absoluta. Isso porque, dependendo dos intervalos de tempo em que o experimento e a observação ocorrem,
O fato de as hipóteses científicas serem, em princípio, falsificáveis não implica que sejam, de fato, falsificadas ou serão falsificadas em todos os casos.
Quando consideramos uma situação dentro de uma estrutura de probabilidade, significa que estamos permanecendo dentro dos limites próprios do processo de objetificação inerente à ciência.
Por outro lado, por mais que se queira objetivar os processos de verificação e refutação, eles sempre terão uma natureza subjetiva, à exceção dos axiomas e postulados.
Os axiomas, que são a priori, e os postulados, que são proposições sintéticas a posteriori, não requerem prova por esse motivo. O primeiro se estabelece na lógica, enquanto o segundo surge na intuição.
Portanto, as circunstâncias que exigem fé podem surgir de um raciocínio baseado em contribuições positivas de inúmeros dados derivados de nossas observações no universo, resultando em um julgamento de consciência, ou podem surgir com base em circunstâncias extremamente negativas dentro da complexidade da provação do mundo.
Por exemplo, o Alcorão Sagrado, ao mencionar os atributos de Deus, indica que podemos ver a Sua existência em tudo no universo, e que nenhum atributo pode existir sem o sujeito ao qual se aplica, ou que nenhuma qualidade pode existir sem algo que a qualifique.
Simplesmente, é a ordem complexa das relações existentes em todo o sistema universal que causa a existência da atividade chamada ciência. Isso, claramente, demonstra a existência de um conhecimento e de uma ordem baseada nele. Nesse caso, esse conhecimento será atribuído às próprias entidades, o que é absurdo. Nem nossa lógica nem nossa experiência corporal jamais aprovariam isso.
Não podemos encontrar nada no universo que possa ser qualificado ou apresentado como atributo, pois tudo está em seu estado de ser. Nesse caso, será necessário inventar ou confirmar intuitivamente.
Novamente, como qualificação da natureza da existência que nossos sentidos internos e externos nos mostram, teremos que criar e atribuir a ela uma essência imaginária, ou então a confirmar.
Novamente, a busca por uma qualificação imaginária do atributo de mal, como substantivo do qual o mal é o adjetivo, devido aos males morais que o homem enfrenta, pode transformar-se em uma confirmação de consciência, sob a orientação das virtudes do universo e da experiência de vida.
O Alcorão, neste ponto, mostra, com o exemplo das provações enfrentadas pelos primeiros muçulmanos, que a fé inabalável é sempre possível, independentemente das circunstâncias.
Portanto, para podermos considerar a fé como um cálculo probabilístico, precisamos, antes de tudo, aceitar como real um estado de equilíbrio entre a existência e a não existência contínuas.
No entanto, não se trata de um estado de equilíbrio teórico, mas sim de um estado de existência real, um fenômeno em curso. Considerando que a probabilidade de existência do universo em que vivemos, incluindo nós, em seu estado atual, é a realização de uma entre infinitas possibilidades, isso não o banaliza, mas sim o torna extraordinário. A principal razão para isso é o fato de que o fenômeno chamado homem é um ser consciente.
O fato de a consciência ter surgido apenas na forma atual do universo, enquanto em outras possibilidades a vida consciente seria impossível, indica que essa possibilidade foi uma escolha consciente.
No entanto, quem quiser pode transformar os dados do universo em um dogma de fé, enquanto quem quiser pode negar, dizendo que poderia haver outras possibilidades.
Mas o importante não é a possibilidade, mas sim a ocorrência.
Como se pode ver.
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas
