Caro irmão,
‘Kesret’ significa pluralidade; ‘vahdet’, unidade; e ‘tevhit’, unificação, reunião, pensamento conjunto. A expressão “milhares de pedras” expressa a ‘kesret’, ou seja, a pluralidade. Quando essas pedras são unificadas, reunidas, e uma mesquita é construída, passa-se da kesret para a vahdet. Agora, aquela mesquita não é mais “milhares de pedras”, mas “um edifício”.
Em “Allah”, todos os nomes e atributos de Deus são considerados juntos. Ou seja, quando se diz “Allah”, além do significado, os significados também vêm à mente. Como a palavra “Allah” indica todos os nomes divinos, todos os atributos divinos são reunidos na palavra “Allah”, e são reconhecidos como pertencentes a Deus, o único possuidor desses nomes.
Ou seja, este universo magnífico possui um número incontável de blocos de construção. Mas, no fim das contas, este mundo foi criado como uma árvore que dará frutos de vida. O homem que pensa na vida chega à sua essência. Este universo, que é o mundo da multiplicidade, é compreendido quando se pensa nele como uma única árvore, chamada de árvore da criação. Por toda a sua parte, esta árvore serve à vida e, portanto, carrega a vida consigo.
Pode ser resumido como uma relação entre agradecimento e louvor. Ou seja, todo agradecimento é também um louvor. No entanto, nem todo louvor é um agradecimento. O louvor é apresentar a Deus os favores e a honra que nos foram concedidos a nós e a toda a criação. O agradecimento, por outro lado, corresponde especificamente aos favores que nos foram concedidos. Portanto, a palavra agradecimento não pode substituir o louvor. O louvor é mais amplo e abrangente.
A Sura Fatiha, que é o resumo do Alcorão, começa com “Com certeza, a educação dos mundos é um favor, uma cortesia para o homem; é uma graça de seu Senhor”.
O sol, tendo passado por uma educação, dá luz e calor; ele faz seus planetas girarem ao seu redor. Louvamos e bendizemos a Deus, que o educou assim. Há também um aspecto desta educação que se volta para o homem. Graças a essa educação do sol, o homem pode tirar proveito dele. Ou seja, essa educação é um favor a ele. E por esse favor, somos obrigados a agradecer a nosso Senhor. Este é um importante lembrete que expressa tanto o louvor quanto a gratidão.
Louvamos a Deus, o Criador do Universo, que refina o oxigênio e o hidrogênio separadamente, e depois os refina novamente, transformando-os em água. Pois, criar água, criar rios, lagos e mares é uma arte grandiosa de Deus, assim como um grande favor para a humanidade.
A rotação da Terra em torno do Sol e da Lua em torno da Terra é uma manifestação de grande poder, bem como um grande favor e graça divinos para a humanidade. Louvamos a Deus, que os criou e os governa assim.
É tão significativo que o Alcorão Sagrado comece com louvor e termine com a busca de refúgio; o educador de todos os mundos. Deus, que educa o homem com todos os seus órgãos e sentimentos. Como a educação dos mundos é feita de forma a beneficiar o homem, observando-o e adaptando-se às suas necessidades, somente o Senhor do homem pode educar os mundos. Em outras palavras, o Senhor do homem só pode ser aquele que educa os mundos. Quando o homem contempla essa imagem, seu espírito e coração se enchem de gratidão, louvor e agradecimento infinitos. Ele louva infinitamente a Deus.
Louvamos a Deus, que nos deu a capacidade de ler o livro do universo em nossa mente e que colocou fé e conhecimento em nossos corações. A abertura de nossos olhos espirituais por meio da Sua orientação, e o fato de Ele nos revelar, nos apresentar e nos fazer amar a Si mesmo, é tanto um grande presente e uma graça de Deus, quanto uma arte muito sutil. O que ontem era apenas um semente, hoje conhece seu Senhor, ama-O e pode contemplar Suas obras.
A obra que conhece seu artista, o livro que conhece seu autor… Esses são pontos inatingíveis pela imaginação humana. Eis o coração de um crente iluminado pela orientação, uma obra de arte tão maravilhosa de Deus.
O homem, por essa perfeição que se manifesta nele, tanto louva e glorifica seu Senhor, quanto lhe agradece infinitamente por essa grande graça.
As outras criaturas também têm, pelo menos, louvores implícitos. Uma estrela louva a Deus por existir, por ter sido criada do nada. Pois, criar o que não existia é tanto uma arte divina quanto um favor para aquela estrela.
Uma flor também louva a Deus. Ela louva e glorifica a Deus, por meio de sua própria existência, por Ele ter transformado a água e a terra em uma flor, e também agradece a seu Criador por lhe ter concedido a graça de ser uma flor. Essa louvação e gratidão são seu louvor.
Ao compararmos outros seres com estes, podemos sentir, em certa medida, que todo ser, assim como glorifica a Deus, também o louva.
Na interpretação do Risale-i Nur, é apontado um mistério na ordem das três denominações divinas presentes na fórmula “Bismillah”, ou seja, na forma como elas são dispostas. Como é sabido, o nome “Lafza-i Celal” abrange todas as manifestações de divindade em todos os mundos.
Considerando-se o significado mais óbvio de ‘Rububiyyat’, a manifestação da soberania de Deus na terra é apresentada a nós com a colocação deste nome após o nome de Allah.
O nome, no entanto, se concentra apenas no ser humano, entre mais de um milhão de espécies vivas na Terra. Isso porque, entre essas espécies, apenas a espécie humana é submetida a provações neste mundo, sendo considerada candidata ao paraíso e ao inferno. Aliás, o significado do nome é esse.
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas