Podemos praticar a fé sem seguir uma determinada escola de pensamento?

Detalhes da Pergunta

– Uma pessoa pode interpretar os preceitos islâmicos por conta própria e agir de acordo com eles sem seguir uma determinada escola de pensamento (madhhab)?

– Se uma pessoa se instruir suficientemente em termos islâmicos e alcançar um nível de conhecimento elevado, pode deixar de seguir uma das correntes de pensamento islâmicas?

Resposta

Caro irmão,

Em relação a questões islâmicas de uma pessoa

ijtihad

para que possa

mujtahid

precisa atingir o grau de.


A porta da Ijtihad está aberta. Mas, neste momento, existem seis obstáculos para entrar nela.


PRIMEIRO


Assim como no inverno, em tempos de tempestades violentas, até mesmo as fendas mais estreitas são vedadas, abrir novas portas não é, de forma alguma, uma decisão sensata.

Assim como, em uma grande enchente, abrir buracos nas paredes para repará-las contribui para o afogamento, da mesma forma, nestes tempos de corrupção, na época da invasão dos costumes estrangeiros, na abundância de inovações e na destruição da fé, abrir novas portas para o palácio do Islã e criar buracos em suas paredes que permitam a entrada de inimigos, sob o nome de ijtihad, é um crime contra o Islã.


SEGUNDO


Os princípios essenciais da religião, que não podem ser objeto de ijtihad, são aqueles que são definitivos e inegociáveis.

Essas necessidades são como alimento e sustento. Atualmente, estão sendo negligenciadas e enfraquecidas. E, enquanto todo o esforço e dedicação deveriam ser dedicados à sua restauração e revitalização, abandonar os princípios da teoria islâmica e os ijtihads puros e genuínos dos Salaf, que possuem pensamentos que não se restringem às necessidades de nenhum tempo, para fazer novos ijtihads impulsivos e inovadores, é uma traição herética.


TERCEIRO


Assim como no mercado, há mercadorias que são mais procuradas dependendo da estação, da mesma forma, há produtos que são mais populares em determinados momentos.

Assim, no mercado do mundo, na feira das ciências sociais e da civilização humana, a cada século há um bem desejado e procurado. É exposto no mercado, atraindo a atenção, os olhares se voltam para ele, as mentes se sentem atraídas por ele. Por exemplo, atualmente, a política é um bem desejado, assim como a garantia da vida mundana e a popularidade da filosofia.

E na época dos Salaf-i Salihîn e no mercado daquele tempo, o bem mais desejado era deduzir do Alcorão as vontades e os desejos do Criador dos Céus e da Terra, e obter os meios para alcançar a felicidade eterna no mundo da além-túmulo, que se abre de forma inesgotável pela luz da Profecia e do Alcorão.

Aqui está,

naquele momento, mentes, corações e almas, com toda a sua força, estavam voltadas para compreender a vontade do Senhor dos Céus e da Terra,

As conversas, discussões, acontecimentos e situações da vida social humana o observavam. Como aconteciam diante dele, se alguém possuísse uma boa inclinação, seu coração e sua natureza, inconscientemente, aprendiam uma lição de conhecimento de tudo, aprendendo com os acontecimentos, situações e discussões daquele tempo. Era como se cada coisa se tornasse um mestre para ele, incutindo em sua natureza e inclinação uma predisposição para a ijtihad (interpretação jurídica islâmica). Essa lição natural o iluminava a tal ponto que era certo que, sem esforço, teria a capacidade para a ijtihad, como luz sem fogo… Assim, um indivíduo com uma inclinação natural que recebia essa lição, ao começar a estudar a ijtihad, sua inclinação, que se tornava como fósforo, alcançava o segredo da luz sobre a luz, tornando-se um mujtahid (especialista em ijtihad) rapidamente e em pouco tempo.

Mas, neste tempo, com o domínio da civilização europeia, a hegemonia da filosofia natural e o agravamento das condições da vida mundana, os pensamentos e os corações se dispersaram, a benevolência e a graça se esgotaram. As mentes se tornaram estranhas à espiritualidade. É por isso que, se alguém neste tempo tivesse a inteligência de um mütajid como Sufyan ibn Uyayna, que memorizou o Alcorão aos quatro anos e discutia com os sábios, precisaria de dez vezes mais tempo do que Sufyan para alcançar o nível de mütajid. Se Sufyan levou dez anos para adquirir o conhecimento de mütajid, essa pessoa precisaria de cem anos para alcançá-lo. Porque o início do aprendizado natural de Sufyan começa na idade da razão. Sua aptidão se prepara gradualmente, se ilumina, aprende com tudo, e se torna como um fósforo. Mas seu equivalente, neste tempo, porque sua mente está afogada na filosofia, sua razão está envolvida na política, seu coração está entorpecido pela vida mundana, sua aptidão se afastou do mütajidismo. Certamente, na medida em que se dedica às artes práticas, sua aptidão se afastou da capacidade de mütajidismo islâmico; e na medida em que se especializa nas ciências terrenas, fica para trás na aceitação do mütajidismo. Por isso,

“Eu sou tão inteligente quanto ele, por que não consigo alcançá-lo?”

não pode dizer, não tem direito de dizer e não consegue dizer.


QUARTO

Assim como em um corpo existe um impulso para expansão, para crescimento e desenvolvimento. Esse impulso para expansão — por ser interno — é uma perfeição para o corpo e o ser. Mas, se houver um impulso para expansão externa, isso é rasgar a pele do corpo, é destruí-lo, não expansão. Assim também, se em relação ao círculo da Islamia, aqueles que entram por meio da porta da piedade completa, como os Salaf-i Salihîn, e pela via do cumprimento das obrigações religiosas, tiverem o impulso para expansão e a vontade de ijtihad, isso é perfeição e desenvolvimento. Caso contrário, esse impulso para expansão e vontade de ijtihad daqueles que abandonam as obrigações e preferem a vida mundana à vida futura, e que são contaminados pela filosofia materialista, é um meio para destruir o corpo da Islamia e remover as correntes religiosas de seu pescoço.


QUINTA


Esses três pontos de vista tornam as interpretações jurídicas da época terrenas, tirando-as da esfera celestial.

Contudo, a lei islâmica é de origem celestial; e as interpretações da lei islâmica também são de origem celestial, pois revelam os preceitos ocultos da lei.



Primeiro:


A sabedoria de um preceito é uma coisa, e sua razão de ser é outra. A sabedoria e a conveniência são causas de preferência; não são causas de necessidade ou criação. A razão de ser, porém, é a causa de sua existência. Por exemplo, na viagem, a oração é abreviada, reduzida a dois rekat. A razão de ser dessa permissão religiosa é a viagem, e sua sabedoria é a dificuldade. Se houver viagem, a oração é abreviada mesmo que não haja dificuldade. Porque existe a razão de ser. Mas se não houver viagem, mesmo que haja cem dificuldades, elas não podem ser a razão de ser para abreviar a oração. Ora, ao contrário dessa verdade, a visão do nosso tempo substitui a sabedoria e a conveniência pela razão de ser e julga de acordo com elas. Certamente, tal ijtihad é terreno, não celestial.



Em segundo lugar.

:

A perspectiva atual concentra-se, em primeiro lugar e diretamente, na felicidade mundana, e a ela direciona suas decisões. Contudo, a perspectiva da lei religiosa concentra-se, em primeiro lugar e diretamente, na felicidade da vida futura; em segundo lugar, considera a felicidade do mundo como meio para alcançar a vida futura. Portanto, a perspectiva atual é estranha ao espírito da lei religiosa. Assim sendo, não pode emitir pareceres em nome da lei religiosa.



Terceiro:


(*)



As necessidades tornam lícitas as coisas proibidas.


a regra, ou seja,

“A necessidade torna o proibido permitido.”



A regra, porém, não é universal. A necessidade, se não for causada por meios proibidos, torna lícito o proibido. Contudo, se a necessidade for causada por negligência ou por meios ilícitos, ela não torna lícito o proibido, não pode servir de base para decisões permissivas e não constitui desculpa. Por exemplo, se um homem, por negligência, se embriagasse de forma ilícita, suas ações seriam consideradas contra a lei religiosa, e ele não seria considerado desculpa. Se divorciasse, o divórcio seria válido. Se cometesse um crime, seria punido. Mas se não fosse por negligência, o divórcio não seria válido e ele não seria punido. E, por exemplo, mesmo que um viciado em bebida esteja em um estado de necessidade, ele não pode dizer que…



“É uma necessidade, é permitido para mim.”

Existem muitos assuntos que, atualmente, atingiram o nível de necessidade e afligem as pessoas, assumindo a forma de uma calamidade geral. Como resultam de maus hábitos, inclinações ilícitas e práticas proibidas, não podem servir de base para leis permissivas, nem legitimar o proibido. Contudo, os estudiosos da época, ao considerarem essas necessidades como base para leis religiosas, seus raciocínios são terrenos, subjetivos, filosóficos; não podem ser celestiais, nem religiosos. Ora, a intervenção na administração divina do Criador dos céus e da terra, ou a interferência na adoração, sem a permissão espiritual do Criador, é reprovável.

Por exemplo, alguns ignorantes,

sermão

como tirar algumas das cerimônias islâmicas do árabe e recitá-las na língua de cada nação

Eles estão aprovando por dois motivos.



Primeiro:







“Para que a política atual seja explicada aos muçulmanos comuns daquela maneira.”

Contudo, a política atual está tão repleta de mentiras, fraudes e satanismo que se tornou uma forma de sugestão satânica. Porém, como o púlpito é o lugar para a transmissão da revelação divina, a sugestão política não tem direito de alcançar essa posição elevada.



Segundo motivo:

“O sermão serve para que se compreendam os conselhos de algumas suras do Alcorão.”



Sim, se a nação islâmica, na sua maioria, cumprisse os preceitos, os princípios e as leis conhecidas do Islã, então seria talvez conveniente que se levasse a sermão na língua que conhecem e que se traduzissem (se possível) os versículos do Alcorão para que compreendessem as teorias da jurisprudência islâmica, os assuntos delicados e os conselhos sutis. Mas as leis islâmicas conhecidas, como a obrigatoriedade da oração, da esmola, do jejum e a proibição do assassinato, do adultério e do álcool, são negligenciadas. O povo comum não precisa de aulas para aprender a obrigatoriedade e a proibição dessas leis. Talvez precisem de incentivo e advertência para lembrar esses preceitos sagrados, estimulando o sentimento islâmico e a fé, para que sejam incentivados a cumpri-los. No entanto, mesmo um leigo, por mais ignorante que seja, compreende do Alcorão e do sermão em árabe o seguinte significado geral:



“O orador e o recitador estão lembrando e ensinando, e recitando, os pilares da fé e os princípios do Islã, que são conhecidos por todos e por mim.”

e, em seu coração, surge um anseio por eles. Será que há no universo palavras que possam igualar, em sua eficácia e clareza, os avisos, lembranças e incentivos do Sagrado Alcorão, que vem do Trono Supremo?


O SEU QUINTO


Os grandes estudiosos da jurisprudência islâmica (mutaçidins) da geração de Salaf-i Salih foram próximos da era dos Companheiros (Sahaba), que foi a era da luz e da verdade, e, portanto, puderam receber uma luz pura e emitir uma jurisprudência islâmica pura.

Os estudiosos da interpretação islâmica (ijtihad) da atualidade, por sua vez, olham para o livro da verdade através de tantas cortinas e de uma distância tão grande que mal conseguem ver a letra mais clara.



Se o desenho for:


Os Companheiros também são humanos; não estão isentos de erros e divergências. No entanto, a base das interpretações e dos preceitos da lei islâmica é a justiça e a honestidade dos Companheiros, a ponto de a comunidade ter concordado que “os Companheiros são, em geral, justos e falam a verdade” (*).



Resposta:


Sim, os Companheiros, na sua grande maioria, eram apaixonados pela verdade, ansiosos pela sinceridade e desejosos de justiça. Porque a maldade da mentira e da falsidade, em toda a sua maldade, e a beleza da verdade e da honestidade, em toda a sua beleza, foram demonstradas naquela época de tal maneira que a distância entre elas se estendeu do céu à terra, mostrando uma separação tão grande quanto a diferença entre o nível de Musailima, o mentiroso, no mais baixo dos infernos, e o nível de sinceridade do Profeta, que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele, no mais alto dos céus.

Sim, assim como a mentira fez com que Musailima caísse no abismo, a verdade e a honestidade elevaram Muhammad, o Profeta, aos mais altos céus. Os Companheiros, que carregavam sentimentos sublimes, cultuavam as virtudes morais e eram iluminados pela luz da companhia do Profeta, não estenderam suas mãos à mentira, tão feia e causadora de ruína, que se encontrava na loja de falsidades e farrapos de Musailima; e assim como se abstenham da incredulidade, também se abstenham da mentira, companheira da incredulidade; e que se agarrem à verdade, à honestidade e à justiça — tão belas, dignas de louvor e glória, e que elevam e promovem, e que são as mais preciosas joias do tesouro da Profecia, e que iluminam as sociedades humanas com o esplendor de sua beleza —

e, em particular, na transmissão e divulgação dos preceitos da lei islâmica —

É claro que é certo, necessário e inegável que eles sejam candidatos, favoráveis e apaixonados na medida do possível.

Contudo, nos dias de hoje, a distância entre a mentira e a verdade tornou-se tão curta que estão quase lado a lado. Passar da verdade para a mentira é muito fácil. Na verdade, através da propaganda política, a mentira é preferida à verdade. Assim, se a coisa mais feia for vendida em uma loja, junto com as coisas mais bonitas, por um certo preço, certamente a preciosa e verdadeira joia da verdade e da honra, que leva à essência da verdade, não será comprada cegamente, confiando na habilidade e na palavra do vendedor.

Clique aqui para mais informações:


– Poderia explicar qual é a situação daqueles que não pertencem a nenhuma seita?



MÜCTEHİD

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Com saudações e bênçãos…

O Islamismo em Perguntas e Respostas

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