O Fiqh-i Ekber é realmente de Imam Azam?

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Resposta

Caro irmão,

Observa-se que, nos círculos acadêmicos contemporâneos, tem sido criada uma discussão artificial sobre as obras teológicas de Imam Abu Hanifa. Aqueles que afirmam que a atribuição dessas obras a Abu Hanifa é errada baseiam sua opinião principalmente nos seguintes argumentos.

Embora os autores de Menakıb afirmem que não há consenso entre eles quanto à autoria desses livros, eles não citam nenhuma fonte além de al-Kardari, que informa que esses livros são obras de Abu Hanifa.(6)

A dúvida mencionada por Al-Kardari é uma das dúvidas dos Mu’tazilitas.(7)

Como Abu Hanifa próprio admitiu, a dúvida sobre a autoria dos livros, baseada nessa incerteza, não passa de uma alegação vazia. Além disso, se essa alegação fosse aceita, seria necessário admitir que Abu Hanifa também era um Mu’tezilita, o que é claramente inconsistente.

Essa opinião também se baseia em uma avaliação errônea. As palavras e atitudes dos estudiosos sunitas-hanafitas, principalmente os autores de Menâkıb, refutam essa alegação. Al-Beyâdi mencionou isso em İşârâtu’l-Merâm.(8)

A afirmação de que o Murchi tornou-se uma escola de teologia após Abu Hanifa e as alegações a ela associadas são fundamentalmente erradas. Livros de história, de seitas e de teologia comprovam isso. Já no primeiro século da era islâmica, estudiosos da Ahl-i Sunna, Mu’tazilita e Ahl-i Bayt escreveram refutações à ideia do irca e ao Murchi. (9)

A alegação de que certos conceitos surgiram em períodos posteriores também é falsa. As palavras foram usadas etimologicamente, e não como termos técnicos. Além disso, os três significados em questão entraram na agenda dos muçulmanos com o Islã.

Abu Hanifa descreve esses eventos extraordinários como concedidos aos profetas, mencionando que é possível que alguns sejam concedidos a crentes virtuosos como graça e milagre de Deus, e afirma que fenômenos semelhantes podem ser observados em não-muçulmanos.

Considerando as condições da época, identificar esses conceitos com o sufismo também não é uma avaliação precisa. A conceituação desses significados em livros de sufismo em períodos posteriores não implica que esses significados não fossem conhecidos ou não existissem no período de ouro do Islã e depois.

Argumentou-se que não havia diferença na ordem de mérito entre Othman e Ali nos livros de Menâkıb, mas que havia uma diferença entre essa ordem e a ordem no texto de al-Fıkhu’l Ekber; e que isso era prova de que al-Fıkhu’l Ekber não pertencia a Abu Hanifa.(10)

A afirmação de que não há discordância na ordem de califado e virtude nos livros de Menakıb é errada. Portanto, a alegação de que al-Fıkhu’l Ekber foi adulterado, baseada nessa premissa, também é errada e falsa.(11)

É outro erro que ele chegue a conclusões tão gerais e importantes com base em uma ou duas fontes a que recorreu. De acordo com a organização de El-Fıkhu’l Ekber, (12)

Também se disse que alguns acréscimos foram feitos a esses livros posteriormente, sendo como prova apresentada a ausência de uma seção sobre al-Bayadi e a não existência dessa seção em alguns manuscritos.(13)

Al-Bayadi planejou incluir um capítulo sobre os sinais do fim dos tempos em sua obra, mas, como só conseguiu acesso aos capítulos de teologia, os sinais do fim dos tempos não foram incluídos na edição impressa de Al-Bayadi, Isharat al-Maram.(14)

A ausência desta seção em algumas cópias manuscritas não muda nada. Ela está presente em mais de dez cópias que analisamos.(15)

Além disso, a ausência da seção em questão não é uma prova mais forte de que ela foi adicionada posteriormente do que de que ela foi omitida daquela cópia ou de um erro do copista… Al-Fiqh al-Akbar é outra prova de que a alegação em questão é infundada.

(16)

A obra foi transmitida por seu filho Hammad (falecido em 170/785) a partir de Imam Azam Abu Hanifa.(17)

Foi publicado várias vezes no Cairo, em 1342 h. em Hyderabad e em 1331 h. em Istambul.

A obra original e a tradução foram publicadas em Istambul em 1981 por Mustafa Öz, em 1984 por Ali Nar e em 1992 por Ahmed Karadut.

As traduções para o turco foram publicadas em 1954 por Hasan Basrî Çantay em Ancara, em 1952 por Seniyuddin Başak em Istambul, em 1952 por Sabit Ünal em Ancara e em 2007 por Doç. Dr. Abdülvahap Öztürk em Istambul.

Acredita-se que a tradução turca impressa mais antiga tenha sido feita por Müstakimzade Sa’dettin Efendi e publicada em Istambul.

São famosos os comentários sobre al-Fıkhu’l Ekber de Ali b. Muhammed al-Bazdawi (m. 482/1089), Ekmeluddin al-Bâbertî (m. 786/1384), Ilyas b. Ibrahim al-Sinobi (m. 891/486), Ahmed b. Muhammed al-Mağnisavi (m. 1000/1591), Muhyiddin Muhammed b. al-Bayrami (m. 956/1549) e Ali al-Kari (m. 1014/1702). (18)


Com saudações e bênçãos…

O Islamismo em Perguntas e Respostas

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