– Por que Jacó amava José mais do que seus outros filhos?
– Certo, ele sabia que seria profeta, mas não deveria ter tratado todos os seus filhos igualmente?
– E por que, sabendo que a partida de José era uma provação, ele repreendia seus filhos a cada vez, chegando a odiá-los?
– Mas se eles tivessem revelado a localização de seu filho, o Profeta José, a provação teria sido frustrada. O Profeta José não teria se tornado o governante do Egito. O Profeta Jacó era um profeta. Não deveria saber dessas coisas?
Caro irmão,
– O profeta Jacó é um profeta, mas também é um pai humano.
Todo pai tem alguns filhos
-devido a algumas de suas qualidades-
pode amar mais. A diferença entre esses tipos de amor instintivo, que são reflexos do coração, não é um defeito.
De fato, no Alcorão
“que as pessoas sejam justas entre seus cônjuges”
apesar de ser desejável, foi feita uma ênfase especial na impossibilidade da igualdade no amor.
(ver Al-Nisa, 4/129)
Assim como é, fazer justiça entre os filhos é uma coisa, e amar mais alguns é outra.
– O apego excessivo de Abraão a José, como profeta, não é amor, mas sim compaixão. O amor é ciumento, pode ser um obstáculo para os outros; mas a compaixão é uma misericórdia ampla, suficiente para todos.
Portanto, o fato de Abraão ter amado José mais do que os outros filhos significa que ele demonstrou mais afeição a ele, o que não impediu que ele demonstrasse a afeição devida aos outros filhos.
– Vamos ouvir esta verdade de Bediüzzaman Hazretleri:
“O Imam-ı Rabbanî não considerava o amor carnal muito apropriado para o cargo de profeta, por isso disse:
‘As belezas de Yusuf são do tipo das belezas da vida futura, portanto, o amor por elas não é do tipo de amor figurado, que seria um defeito.’
Eu também digo:
‘Ó Mestre! Isso é uma interpretação superficial; a verdade é que: aquilo não é amor, mas sim um grau de compaixão talvez cem vezes mais brilhante, mais amplo e mais elevado do que o amor.’
Sim, a compaixão, em todas as suas formas, é delicada e gentil. O amor e a afeição, no entanto, não se manifestam em tantas formas.
(ver Nursi, Mektubat, p. 31)
– A manifestação excessiva do afeto de Jacó por José ocorreu depois que ele se tornou oprimido e vítima. Antes disso, embora o amasse muito e fosse carinhoso com ele, também negligenciava seus outros filhos.
– Não existe nenhuma passagem no Alcorão que indique que o Profeta Jacó alguma vez sentiu ódio por seus filhos.
Embora estivesse absolutamente convencido de que eles tinham feito algo de errado a José, ele ainda assim não os amaldiçoou, mas apenas
“O que me cabe é a paciência serena.”
dizendo assim, ele se voltou para o aspecto de prova e provação do assunto.
– Como profeta, ele não deve saber tudo, mas sim não saber. Porque nenhum profeta pode conhecer o oculto que Deus não lhe revelou.
Vamos ouvir a verdade do próprio Profeta Jacó:
Foi perguntado a Jacó (Iacub):
“Por que você ouviu o cheiro da túnica que veio do Egito e não viu José no Poço de Canaã, que estava perto dali?”
Em resposta, ele disse:
“Nossa situação é como a dos raios; ora se manifesta, ora se esconde. Às vezes, parece que estamos sentados no topo da montanha, vendo tudo ao nosso redor. Às vezes, nem conseguimos ver o que está sob nossos pés.”
(ver Sadi-i Shirazi, Gulistan; Nursi, Mektubat, 52)
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas