Caro irmão,
“Não condenem, pois não morrerão até que o que condenaram lhes aconteça.”
Essa frase consta em nossas fontes como um hadith (Tirmizi, Kıyamet, 53, nº 2507; Beyhaki, Şuabu’l-İman, 5/315, nº 2778; ver Keşfu’l-Hafa, 2/265).
Abdullah ibn Umar (que Deus esteja satisfeito com ele e com seu pai) relata: “(Um dia) o Mensageiro de Deus (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele) subiu ao púlpito e proclamou em voz alta:
“Ó hipócritas, que com a língua professam a fé, mas em cujos corações a fé não penetrou! Não atribulais os muçulmanos, nem os repreendais, nem investigais os seus defeitos. Pois, quem investigar os defeitos de seu irmão muçulmano, Deus também investigará os seus defeitos. E Deus, quando investiga os defeitos de alguém, expõe-no, mesmo que seja em sua própria casa (em segredo).”
Certo dia, Ibn Umar olhou para a Kaaba e disse:
“Ó, quão elevada é a tua nobreza, quão elevada é a tua honra! Mas a honra do crente perante Deus é ainda mais elevada do que a tua!”
disse.” [Tirmizî, Birr 85, (2033).]
DESCRIÇÃO:
1.
Aqui, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele) afirma que investigar os defeitos das pessoas é hipocrisia. Pois aqueles que são muçulmanos de boca, mas cujo coração não alcança a fé, são hipócritas. Contudo, a fé…
Se incluirmos a palavra “kemaliyle” (completamente), fica claro que os muçulmanos também são mencionados, e assim, tanto os muçulmanos quanto os hipócritas são incluídos na mensagem. Os comentaristas entendem o hadith dessa forma. De fato, no prosseguimento do hadith…
“Quem procura os defeitos de seu irmão muçulmano”
Para esse termo, usa-se a expressão “irmão muçulmano”. Como um hipócrita não pode ser irmão de um muçulmano, o Profeta, em seu discurso, também se referia ao muçulmano pecador. Portanto, aqueles que dizem que o hadith se refere apenas aos hipócritas estão contrariando o significado literal do hadith. É mais correto e acertado julgar o hadith com seu aspecto mais amplo.
2.
Não incomode os muçulmanos, com os muçulmanos da frase.
“muçulmanos perfeitos”
, ou seja, referem-se aos muçulmanos que professam a fé com a língua e também a acreditam de coração.
3.
Reprovar um muçulmano significa repreendê-lo por pecados, erros e defeitos cometidos no passado, lembrando-o de seu passado. Os estudiosos não veem diferença entre saber-se que um muçulmano se arrepentiu de seus pecados antigos e não saber-se, e dizem que, em ambos os casos, lembrá-lo disso é inaceitável.
Contudo, quanto à repreensão por um pecado que se comete na presença de alguém, ou que se cometeu recentemente e para o qual não se manifestou arrependimento, é afirmado que essa repreensão é obrigatória para todos os que são capazes. Dependendo da situação, pode até ser necessário aplicar uma punição ou castigo. Neste caso, a intervenção enquadra-se na categoria de “emr-i bi’lmâruf e nehy-i ani’lmünker” (ordenar o bem e proibir o mal).
4.
O comando de não investigar os defeitos de seu irmão muçulmano,
“muçulmano perfeito”
está registrado assim. O pecador está isento desta proibição, porque é necessário evitar-se dele e evitar que outros se aproximem dele. O versículo também proíbe investigar os defeitos de um muçulmano:
“Aqueles que desejam que a imoralidade se espalhe entre os crentes, terão um castigo doloroso no mundo e na outra vida. Deus sabe, mas vocês não sabem.”
(Nur, 24/19)
“Ó crentes! Abstenha-vos da maioria das suspeitas, pois algumas suspeitas são pecado. Não espionem uns aos outros, nem falem mal uns dos outros. Alguém de vós gostaria de comer a carne do seu irmão morto…?”
(Al-Hujurat, 49/12).
Aquele que repreende alguém por seus erros deve se arrepender e pedir perdão a essa pessoa. Por meio disso, Deus aceitará seu arrependimento e o protegerá de desgraças.
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas