É possível criar células vivas em laboratório?

Resposta

Caro irmão,

Nós,

“O que é a vida?”

não buscaremos uma resposta para essa pergunta. Porque é impossível, em poucas páginas, concluir ou resumir as discussões filosóficas e científicas que têm durado séculos sobre a essência da vida. Nossa discussão será construída, antes de tudo, sobre a distinção biológica entre vivo e inanimado, as diferenças entre eles e os fatores que mantêm essas diferenças.

Todos os seres vivos são compostos por moléculas inorgânicas. Ao analisarmos individualmente os compostos encontrados nos seres vivos, vemos que eles também obedecem às mesmas leis que outros compostos químicos inorgânicos. No entanto, ao compararmos seres vivos e inorgânicos, observamos diferenças significativas.


A principal diferença entre seres vivos e inanimados é a capacidade de se reproduzirem e garantirem a continuidade de uma geração semelhante a si.

Durante a reprodução, todas as características de uma espécie são preservadas por gerações em moléculas gigantes chamadas DNA. Por exemplo, algumas bactérias sobreviveram até hoje sem sofrerem alterações por milhões de anos. Todas as características de um ser vivo estão escritas nas moléculas de DNA. Enquanto os humanos guardam seus escritos em pedra e metal com dificuldade, os códigos gravados no DNA de uma bactéria, como se fossem escritos com a pena do destino, permaneceram inalterados por milhões de anos. Enquanto o menor ser vivo, mesmo que seja uma bactéria, continua a se reproduzir e perpetuar sua linhagem, nunca se viu um ser inanimado, como uma montanha, gerar outra montanha.



Seres vivos,



São bastante ricas e complexas em termos de composição química.

Por exemplo, uma bactéria muito simples, que pesa apenas um bilionésimo de grama.

Escherichia coli (E. coli)

Uma célula contém 5.000 tipos de compostos. Destes, 3.000 são proteínas, cerca de 1.000 são ácidos nucleicos, e o restante é composto por gorduras e pequenos compostos. Embora as moléculas de proteína encontradas na E. coli desempenhem a mesma função, elas não são idênticas às proteínas encontradas em humanos e outras espécies. Cada espécie possui moléculas de proteína e ácido nucleico com estruturas químicas diferentes. Estima-se que existam um trilhão de proteínas diferentes e cerca de dez bilhões de ácidos nucleicos diferentes em todas as espécies vivas. Essas proteínas e ácidos nucleicos são moléculas grandes, com pesos moleculares que variam de cinco a dez mil a vários milhões de vezes o peso de um átomo de hidrogênio.


Outra característica extraordinária nos seres vivos

O que é impressionante é que, em tão pouco tempo, moléculas de tamanha variedade e quantidade são produzidas a partir de substâncias simples. Tomemos novamente o exemplo da E. coli: essa bactéria consegue se reproduzir em um meio que contém apenas água (H2O), íon amônio (NH4) e glicose (C6H12O6). Cada célula de E. coli se divide em menos de vinte minutos, formando duas células de E. coli. Ambas as células são idênticas. Ou seja, em vinte minutos, a célula produz 500 tipos de moléculas a partir de três compostos simples como água, íon amônio e glicose, em proporções necessárias. Essa produção de moléculas, que ocorre com uma velocidade inacreditável, demonstra que os eventos que ocorrem nos seres vivos são incomparavelmente mais complexos do que aqueles que ocorrem no reino inanimado.

Como exemplo, ele já tem uma estrutura muito simples e é composto por apenas uma célula.

Bactéria E. coli

Tínhamos percebido. Se considerarmos que o corpo humano e outros organismos vivos são compostos por trilhões de células, e também as diferenças entre tecidos e órgãos, a complexidade atinge um ponto que escapa à nossa mente e imaginação.


Agora, surge a seguinte questão:

Como o comportamento das moléculas nos organismos vivos pode ser explicado por princípios químicos e físicos, e até mesmo algumas intervenções podem ser feitas nas atividades celulares, além disso, muito se sabe sobre a célula viva.

“Será que é possível criar uma célula viva ou um vírus em laboratório por meio de processos químicos?”

Nossa resposta a essa pergunta

“Não!..”

será. Antes de explicarmos por que pensamos assim, seria apropriado dar algumas explicações sobre as características estruturais das moléculas de DNA e proteína, que desempenham papéis muito importantes na estrutura das células vivas.

As moléculas de DNA (ácido desoxirribonucleico) atuam como núcleo em todos os seres vivos, desde vírus e bactérias mais simples até organismos de estrutura mais complexa. Ou seja, elas carregam todas as informações daquele ser. Essas informações estão codificadas no DNA e são traduzidas para proteínas por meio de moléculas de RNA (ácido ribonucleico). O código nas moléculas de DNA é formado pela sequência de quatro tipos de compostos (adenina, guanina, citosina e timina, representados pelas letras A, G, C e T, respectivamente). Observando a variedade de proteínas na bactéria E. coli, podemos estimar a extensão das moléculas de DNA em organismos vivos.

Um

E. coli

São necessárias 2.000 páginas para expressar a sequência de bases de DNA da bactéria.

Já para o genoma humano, são necessárias aproximadamente um milhão de páginas.

Hoje em dia, nem sequer é possível criar em laboratório uma cadeia de DNA com um décimo do comprimento desta página. Ainda mais, a molécula de DNA, por si só, não é nem um vírus, nem uma célula viva. Isso porque a existência de compostos extraordinários, chamados proteínas, que podem assumir qualquer forma, também é necessária nos organismos. Considerando todas as proteínas encontradas em plantas, animais e bactérias,

observamos que as seguintes funções vitais são desempenhadas pelas proteínas:


1.

Todas as reações químicas dentro da célula.

‘enzima’

Isso é realizado por meio de catalisadores, chamados enzimas, que são totalmente compostos por proteínas. Graças a eles, tudo o que o organismo precisa é feito na velocidade e quantidade ideais, assim como a velocidade de um carro é ajustada com o pedal do acelerador.


2.

Tejidos como unhas, pele, chifres e pelos, que desempenham funções de proteção no organismo, são compostos de proteínas.


3.

Os compostos que chamamos de imunoglobulinas, que protegem o organismo de agentes nocivos como micróbios e vírus externos, são também proteínas.

‘anticorpos’

São eles que reconhecem e eliminam coisas que não pertencem a esse organismo.


4.

Por exemplo, muitas funções de transporte, como a hemoglobina que transporta oxigênio, são desempenhadas por proteínas.


5.

O tráfego de entrada e saída entre o interior e o exterior da célula também é facilitado por proteínas localizadas nas membranas celulares. Ou seja, o que a célula precisa é absorvido, e os resíduos e o excesso são eliminados com perfeita harmonia.


6.

A formação e transmissão dos impulsos nervosos também são garantidas por proteínas especiais.


7.

Alguns dos hormônios que desempenham papéis muito importantes na regência harmoniosa do corpo vivo também têm estrutura proteica.

Pesquisas indicam que outras funções podem ser adicionadas àquelas listadas. Agora, vamos falar sobre a estrutura desse composto extraordinário, que também é de complexidade semelhante:


As proteínas de todos os seres vivos na Terra,


resulta da combinação de vinte tipos de aminoácidos em diferentes sequências e proporções.

As proteínas em diferentes espécies de organismos, mesmo desempenhando a mesma função, possuem estruturas distintas. Portanto, considerando todas as espécies vivas, estima-se que existam mais de cem bilhões de tipos de proteínas. Assim como com 29 letras se escrevem livros de várias páginas expressando inúmeros significados, bilhões de funções vitais são realizadas por meio de macromoléculas compostas por apenas vinte tipos de compostos.

“Moléculas gigantes”

dizemos isso porque, com exceção de alguns hormônios, mesmo as proteínas menores contêm pelo menos 100 aminoácidos. Naturalmente, as cadeias de proteínas formadas pela união de tantos aminoácidos não conseguem manter suas estruturas em cadeia dentro da célula e se dobram sobre si mesmas, assumindo uma forma tridimensional.

É no seu estado tridimensional que uma proteína pode desempenhar sua função no organismo. De entre os bilhões de estruturas tridimensionais diferentes que as proteínas podem assumir, apenas algumas são funcionais. Por exemplo, uma proteína com 100 aminoácidos pode ter 10 elevado a 47 (um número com 47 zeros após o um) estruturas tridimensionais diferentes. É impossível prever qual delas será funcional. Portanto, não é possível dizer qual deve ser a sequência de aminoácidos em uma proteína que desempenhe uma função específica.

Considerando algumas das características das moléculas de DNA e proteína, que desempenham um papel fundamental na vida de uma célula, e que foram brevemente apresentadas acima, podemos entender a justificativa para nossa resposta negativa à questão sobre a criação de células vivas. Se somos incapazes de produzir as moléculas que compõem um vírus ou uma célula, é claro que não será possível sintetizá-las em laboratório.

Suponhamos que um dia a tecnologia evolua a ponto de o homem conseguir realizar essas sínteses. Isso não pode servir como prova de que a vida surgiu por acaso. Porque um resultado que só pode surgir com o acúmulo de conhecimento de cientistas ao longo de anos e milhões, só pode ser indicativo de um conhecimento infinito.


Com saudações e bênçãos…

O Islamismo em Perguntas e Respostas

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