Caro irmão,
Ano 610 da era cristã. O Senhor do Universo tem quarenta anos.
Eles tinham um costume que vinha sendo praticado há anos: passavam o mês de Ramadã em uma caverna no topo da montanha Hira, em reflexão, adoração e oração.1
Era um lugar silencioso e tranquilo. O local mais propício para se dedicar à reflexão. Almas abençoadas, cansadas do ar viciado da sociedade, aqui respiravam e encontravam paz.
O Profeta Muhammad, que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele, não estava na caverna de Hira por acaso, mas sim praticando a adoração e o culto de acordo com a religião Hanif de seu antepassado, o Profeta Abraão.2
Esta é a sua vida de felicidade.
quarenta anos
Ele passaria o mês de Ramadã da mesma forma, em Hira, em adoração e obediência. Ele estava a caminho da Montanha Hira com os suprimentos preparados por sua esposa, Hatice-i Kübrâ.
Nesse momento, o universo parecia acompanhar com respeito cada passo de seu Senhor, imerso em um profundo silêncio. Mas esse silêncio e essa quietude não eram sem sentido. Estavam repletos de lições e sabedoria.
O Profeta (que a paz seja com ele) também participava desse silêncio significativo do universo com sua profunda reflexão, e eles pareciam formar uma harmonia. Era como se o universo sussurrasse profundamente em sua alma imensa:
“Tu és a razão da minha existência. Tu és quem melhor explicará o meu significado. Tu és quem anunciará que estou cheio de sabedoria e lições. Por isso, sou-te grato. Sou-te respeitoso…”
O Senhor da Criação (que a paz esteja com ele) estava agora na caverna no topo da Montanha Hira, um lugar silencioso e tranquilo, onde alcançaria a manifestação divina. Lá, ele estava ocupado com sua adoração, obediência, orações e reflexões.
Dezessete noites do mês de Ramadã já haviam passado.
E
A noite de 17 de Ramadã era uma segunda-feira.
O Monte da Luz estava envolto em um silêncio profundo e significativo. Tudo à sua volta estava silencioso e calmo, junto com ele. Talvez para alcançar a singular graça de ouvir o que será dito, de quase poder ouvir o que é dito… Talvez por respeito a quem vai falar e a quem vai ouvir…
Passara-se a meia-noite e o tempo pisara no alvorecer. O momento singular em que os beija-flores começavam a cantar, as rosas distribuíam suas fragrâncias e sorrisos de beleza por toda parte, e aqueles que invocavam a Deus se encheriam de alegria e alcançavam a felicidade eterna!
O anjo da revelação, Gabriel (que a paz esteja com ele), havia assumido a forma de um homem muito bonito. O ambiente estava repleto de aromas agradáveis. Manifestações de medo e esperança, excitação e serenidade, estavam entrelaçadas.
Gabriel (que a paz esteja com ele) está extremamente feliz, pois vai se comunicar com o último profeta, o Profeta dos Profetas.
“Habibullah”
que merecerá o título por sua fé, devoção, reflexão e luta.
“Sultan-ı Levlâk”
Ele falaria com ele, entraria em contato direto com ele.
O momento esperado havia chegado.
O anjo da revelação, Gabriel (que a paz esteja com ele), apareceu ao Senhor do Universo naquela noite desolada e escura, com a aparência de um homem bonito, irradiando luzes brilhantes e uma luminosidade deslumbrante. Ele o saudou com uma voz doce, mas forte:
“Leia!..”
O Senhor do Universo foi tomado por espanto e medo. Seu coração tremia!
“Eu não sei ler!..”
respondeu ele.
O Anjo Gabriel abraçou-o, apertou-o e, depois de soltá-lo, abraçou-o novamente.
”
Leia!
gritou.
O Profeta do Universo deu a mesma resposta:
“Eu não sei ler!..”
O Anjo Gabriel abraçou o Senhor do Universo pela segunda vez e, depois de abraçá-lo e soltá-lo, falou novamente:
“Leia!”
Desta vez, o Profeta Maomé:
“Eu não sei ler, me diga o que devo ler…?”
disse.
Então, o anjo leu do início ao fim os primeiros versículos da Sura Al-Alaq, que havia recebido de Deus e que vinha entregar ao Profeta:
“Reza em nome do teu Criador, que te criou a partir de um coágulo de sangue. Reza. O teu Criador é o mais generoso. Ele é quem ensinou o homem a escrever com a caneta.”
3
Em um estado de emoção e reverência suprema, ele repetiu palavra por palavra os versículos que haviam sido revelados na língua que o Senhor do Universo havia falado pessoalmente. Agora, os versículos revelados haviam se instalado tanto na língua quanto no coração do Mensageiro de Deus. Gabriel, cujo dever naquele momento havia terminado, desapareceu repentinamente.
Notas de rodapé:
1. Ibn Hishâm, Sîra, 1/252.
2. Bediüzzaman Said Nursî, Mektûbât, p. 260.
3. Sura Al-Alaq, 1-5.
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas
