Como devemos entender o conceito de tempos finais e o que devemos fazer?

Detalhes da Pergunta

Em muitas obras islâmicas, é frequentemente mencionado que estamos vivendo os últimos tempos e que estamos passando por um período muito difícil…

Resposta

Caro irmão,

Era um dia de maio, e eu estava na estrada, já tendo atingido a meia-idade. O clima era de primavera.

‘Ser criança nos últimos tempos’

Minha esposa levou nossos filhos, que estavam sofrendo com todo o peso da situação, para suas avós mais cedo, na esperança de que se sentissem um pouco aliviados. As crianças veriam tanto suas avós quanto a terra. Eu, por outro lado, estava ocupado com histórias de conversão. Tentei traduzir para o turco a história de uma mulher que, pela primeira vez na vida, conheceu um muçulmano na universidade e, após a conclusão da universidade, conheceu o Islã, e que, após muitos anos lutando contra preconceitos, finalmente se converteu ao Islã; e, nesse meio tempo, fiquei bastante abafado.

O dia estava ensolarado, mas o sol não queimava. A primavera me convidava para fora, mas minha mente cansada não estava à altura de traduzir uma nova história de conversão.

Com a família em boas mãos e o tempo ensolarado, poderia tranquilamente embarcar em uma jornada aleatória pelas ruas, sem destino definido, uma atividade que já inspirou muitos dos meus textos.

Eu tinha saído. Mas as manchetes dos jornais que me depararam logo no primeiro passo arruinaram meu prazer. Com a mente presa àquelas manchetes, continuei a caminhar pelas ruas. Ruas estreitas, calçadas ocupadas por carros, a luta para encontrar uma passagem segura entre os veículos… e quando cheguei à praça de Kadıköy, me deparei com uma surpresa. Não era feriado, nem um passeio, nem fim de semana. Mas a praça e tudo ao seu redor estavam lotados. Cafés, cafeterias, docerias, pastelarias, lojas, restaurantes de fast-food, estabelecimentos comerciais, ônibus, micro-ônibus, bancos, píer de balsas, paradas de ônibus… tudo estava cheio. Pessoas de todas as idades, mas principalmente jovens, enchiam a praça. Havia quem esperasse um amigo, distraído com o celular, e quem já estivesse com o amigo, passeando. Uns sentados sozinhos em um café, outros rindo e se divertindo em grupos.


Na verdade, não costumava haver tantos jovens nessa praça em pleno meio da semana. Será que tinha algum show, algum evento ou algum concerto?

Só depois percebi que era dia de semana, mas ainda assim era feriado. Hoje era um dia de maio, que outrora era dedicado aos jovens como um feriado.

Depois de, com algum atraso, compreender o significado e a importância do dia, surgiu em mim a ideia de observar esta praça hoje, tendo em conta a juventude. Assentei-me num banco perto da praça, com um olho no mar e outro na praça. Antigamente, para mim…

‘desafios’

um dia de maio dedicado à juventude neste lugar que me fez pensar no texto.

‘leituras juvenis’

Comecei a olhar. Sabia mais ou menos o que e por que eu ia olhar. E também o que eu não ia olhar com que intenção. Entre as imagens que me chamavam a atenção…

“Nossa juventude está em um estado lamentável.”

Por exemplo, não pretendia fazer uma seleção que permitisse chegar a conclusões como essa. Além disso, sempre detestei frases pedológicas deficientes como “É preciso educar a juventude”. É fácil dizer “Os jovens estão em mau estado”, mas ser jovem é difícil; eu sabia muito bem disso. Como Rudyard Kipling, eu também poderia dizer “I know what it is to be young”, porque eu também fui jovem, e sabia muito bem o que significava ser jovem. Além disso, olhar para cima para as pessoas, vê-las como objetos a serem gerenciados e direcionados, era uma atitude que eu nunca gostei. Mais ainda, eu tinha a crença inabalável de que Deus criou o homem com uma natureza pura, em todas as circunstâncias. Eu aprendi com o amado Profeta que todos os seres humanos nascem com a mesma natureza pura. Por isso, mesmo em situações em que prevaleciam as cenas de decadência, minha confiança na natureza contra a decadência era total.

No entanto, o que estava ali, na praça, era a “situação” que aqueles que, por sessenta anos, tinham tirado “vantagem da situação” haviam transformado em “desvantagem”. E a ideia que me surgiu foi a de tirar uma “vantagem” dessa “situação” na praça.

Naquele dia, naquele banco, naquela praça, fiz algo que alguns neste país consideram seu monopólio. Observei a ‘situação’ e extraí dela uma ‘tarefa’. No entanto, não se tratava de uma tarefa de engenharia socio-política do tipo que aqueles que declaram guerra ao Islã, cuja própria etimologia significa ‘saudação’ e ‘paz’, realizam. Pelo contrário, era ‘empatia’. Com 36 anos, casado, com filhos, tendo escapado de uma série de perguntas e problemas da juventude, era fácil julgar os jovens; mas o essencial era ser empático, colocar-se no lugar deles e tentar entendê-los. Por isso, naquela praça, utilizando também as notas registradas no meu arquivo de memórias da minha própria juventude, imaginei-me vinte anos mais jovem. Tentei entender o que faria, o que pensaria, como me sentiria, como reagiria se tivesse quinze, dezessete ou dezenove anos naquele ambiente. Passei pela praça com esse pensamento, observei as vitrines com esse olhar; examinei as lojas, as bancas de jornal, as barracas de CDs, as livrarias, as lojas de fitas com esse olhar; observei os carros e as pessoas que passavam com esse olhar. A verdade estava à vista: ser jovem sempre foi difícil, mas ser jovem nos últimos tempos é muito mais difícil.

Ser jovem nos últimos tempos era, de certa forma, viver um pesadelo em que a matéria, com todo o seu peso e insensibilidade, se abate sobre você em uma era em que tudo é reduzido à matéria. Um jovem que estuda no ensino médio ou na universidade, ou que trabalha em um emprego ou outro, ou que está procurando emprego, vivia um período em que os desejos e a emoção atingiam o auge, mas era esmagado, por exemplo, pelo peso metálico dos carros com modelos novos a cada dia. Era uma época em que as pessoas eram avaliadas pelo modelo de carro, pela marca da camisa e pelas medidas do corpo.

Nesse contexto, o que se entendia por “jovem” e a que se reduzia a “juventude” era facilmente perceptível, principalmente pelo nome do Ministério da Juventude e Esportes; além disso, pela temática repetitiva e sem inovação dos filmes que se diziam voltados para a juventude; e, ainda, pela abundância de notícias sobre cantores, modelos, atores, relacionamentos e rupturas, intercaladas com anúncios de batom, jeans, gel, perfume e camisas nas revistas destinadas à juventude. Contudo, tanto nas revistas para jovens quanto em outras publicações, jornais, TVs, sites e rádios que abordavam a juventude, os “problemas da juventude” não eram totalmente ignorados. No entanto, observando essas publicações, poderia-se facilmente concluir que a juventude não tinha outros problemas além de “problemas sexuais”, e que ser jovem era sinônimo de ter “problemas sexuais”. O que se apresentava era a redução da juventude à sexualidade.

Naquela praça, naquele dia, entre as meninas com jeans ou saias curtas, os rapazes que as olhavam de soslaio, as jovens que se envergonhavam de se vestir como elas e os rapazes que se envergonhavam de olhar para elas vestidas assim, não se podia dizer que a “sexualidade” não estivesse presente entre os problemas. Em um tempo em que o ser humano é reduzido à carne e aos ossos; em um tempo em que toda atividade e publicação voltada à juventude necessariamente contém o aspecto da “sexualidade”; em um tempo em que os olhos, os corações e as mentes são arrastados para essa direção de forma quase forçada e insistente, a existência de um “problema sexual” era inevitável. No entanto, além desse problema, cuja solução lícita foi revelada a nós por meio da misericórdia de nosso Senhor, os jovens tinham outros problemas. Mas esses nunca seriam escritos pelos arrogantes dos últimos tempos, cuja mente se concentra apenas nos prazeres carnais. Em um ambiente em que as pessoas são valorizadas pela sua “dinheiro”, quantos jovens se consideravam sem valor por causa da falta de “dinheiro”? E quantos jovens tinham o objetivo de suas vidas fixado no “dinheiro”, considerando-o como “a chave de tudo neste tempo”? Quem sabe?


– Quantos jovens terão sido seduzidos ontem pelo playboy que passou pela rua com sua Ferrari de última geração, fazendo os pneus rangirem?


– Quantos jovens iam para a escola achando que não valiam nada por causa do pai ser porteiro?


– Quantos jovens, sentindo que a honestidade, a mansidão, a religiosidade e a limpeza de seu pai não valiam nada, foram submetidos a tentações diabólicas para construir seu próprio futuro com base em ‘valores dominantes’ em vez de valores reais?


– Quantas jovens, esta manhã, ao se olharem no espelho, ficaram tristes por terem cabelo preto e pele morena? Quantas jovens foram hoje ao cabeleireiro para pintar o cabelo de loiro?


– Quem sabia o número de jovens que se sentiam obrigadas a ganhar dez centímetros de altura para serem consideradas “valiosas” aos olhos dos outros, ou seja, “como modelos”, e que, por isso, arriscavam qualquer tipo de problema ortopédico ao usar sapatos de salto alto de dez centímetros?


– Estávamos cientes do preço que pagaríamos pelas tempestades impetuosas que desencadeamos no coração de cada um desses jovens?

Cada um dos problemas causados pela visão dominante que reduz a juventude à sexualidade, a juventude feminina à imagem de modelo loira, branca e com 1,70m de altura, e a juventude masculina a um corpo atlético de pelo menos 1,75m e um carro esportivo, era um tema de estudo por si só. Cada um desses problemas tornava infelizes milhares, centenas de milhares, ou até milhões de jovens em todo o mundo todos os dias; levava milhares, centenas de milhares de famílias à infelicidade, à briga, à raiva e às lágrimas. Estávamos em um mundo onde jovens tentavam suicídio porque seus pais não podiam comprar tênis Reebok para eles, mas tínhamos analisado como esse mundo havia transformado um tênis em algo pelo qual se tentaria suicídio?

No entanto, para alguns, o problema da Neşe, aluna do ensino médio, se resumia a “caspa”. Tal xampu, com sua fórmula três por um, resolveria esse problema. Diziam que os jovens se libertavam com um celular, facilmente encontravam a liberdade com uma garrafa de refrigerante, e se apaixonavam pelo carro ou pela blusa, e não pela pessoa!

Deixando de lado o resto; apenas esses exemplos eram sinais que indicavam, de primeira mão, a dificuldade de ser jovem nos últimos tempos.

Se eu tivesse que escolher uma área de especialização científica para mim, provavelmente seria

‘semiótica’

i, ou seja

‘semiótica’

Eu escolhia ‘i’; depois, pegava esses mil tipos de ‘sinais’ e mostrava detalhadamente o significado que os dias que vivemos atribuíam à ‘juventude’. No entanto, mesmo sem ser um semiologista, eu estava em posição de dizer que, em resumo, esse significado atribuído à juventude não passava de um ‘escravo do consumo, obcecado por imagem e ostentação’. Não, a juventude nunca havia sido tão humilhada em nenhuma era. Ser jovem nunca havia sido tão desperdiçado em nenhuma era!

Além disso, se eu fosse um Foucault ou um Baudrillard, poderia analisar as imposições modernas que são subliminarmente incrustadas nas mentes sob a aparência de uma liberdade ilusória.

A roupa de toda uma juventude mundial.

camiseta e calça jeans

se for reduzido,


Não era isso uma obra de um despotismo moderno que, sem tocar na consciência, dominava o subconsciente?


Ser jovem nos últimos tempos é difícil, e foi muito difícil.

Porque a tirania dos tempos modernos não impunha diretamente, como os déspotas do passado, gerando resistência; ela usava técnicas sofisticadas que lhe faziam sentir que sua própria preferência era a sua, impondo-lhe a sua. Um escravo que se sentia livre, um manipulado que achava que estava tomando sua própria decisão. Você não percebia.

Havia passado semanas, meses, quase um ano desde aqueles dias em que me colocava no lugar de qualquer jovem, inspirada por um artigo sobre “ser jovem nos últimos tempos”, e lá estava eu novamente, nos mesmos lugares. Sem um motivo específico, senti uma vontade imensa de percorrer livrarias, lojas de fitas, antiquários, lojas de CDs, e até mesmo as bancas ambulantes de CDs e livros. Procurei algo que me tocasse a alma entre centenas de revistas, dezenas de milhares de livros, milhares de fitas e CDs, vivendo assim uma intensa jornada de questionamento.


– Como poderia alguém encontrar o que procura em meio a tanta variedade e a uma multidão informacional tão grande?


– Se é tão difícil encontrar o que se procura, mesmo quando se tem uma ideia mais ou menos clara do que se procura, como poderia alguém que apenas sabe que está “procurando”, que parte em busca da verdade, mas ainda não consegue sequer imaginar o que é a verdade, sair desse labirinto?

Ao me encontrar no meio daquela confusão naquele dia, a dificuldade de ser jovem nos últimos tempos ficou mais uma vez reforçada na minha mente. Ser jovem nos últimos tempos é difícil, ser um jovem que busca nos últimos tempos é ainda mais difícil, e ser um jovem que encontrou o que buscava nos últimos tempos é muito mais difícil ainda.

Essa foi a conclusão a que cheguei após minha jornada de livros, fitas cassete, CDs e revistas, na qual me senti no meio de um labirinto. Eu sabia que havia chegado a uma conclusão pessimista; mas não conseguia responder afirmativamente à pergunta: “Quem poderia encontrar o caminho para a verdade neste labirinto cheio de multidões, confusão, poços, redemoinhos e becos sem saída?”.

Aquele dia passou em um estado de espírito triste e melancólico, trazido por essa reflexão pessimista; uma angústia e sofrimento me acompanharam até que fechei os olhos à meia-noite. Apesar de não ter dormido muito por causa daquela angústia, felizmente consegui levantar para a oração da manhã do dia seguinte. Embora meus olhos estivessem cansados, e minha alma ainda mais, não senti vontade de dormir depois da oração e, não querendo passar mais um dia com aquela angústia, preferi permanecer acordado, continuando a leitura do Alcorão a partir de onde havia parado.


Eu tinha chegado à Surata Al-Kahf!

Inicialmente, não consegui perceber a coincidência entre o estado de espírito que vivia e a chegada da vez a esta sura. No entanto, ao avançar entre os versículos e chegar à parte que descreve os jovens, cujo número é desconhecido para nós, considerei-me despertado. Será que era mera coincidência que, numa época em que toda uma sociedade se inclinava para a politeísmo, todos os companheiros da caverna (Ashab-i Kehf) que permaneceram na orientação fossem jovens? Ou será que esta sura não continha uma lição, um sinal, uma indicação ou uma alusão sobre a possibilidade de superar as dificuldades, o paganismo, a incredulidade e as paixões, e de encontrar a verdade, e que os jovens, apesar de tudo, são os mais próximos dessa possibilidade?

Sim, havia. Havia, sem dúvida, uma lição nesta sura, ensinando que um jovem que busca com sinceridade e perseverança pode encontrar o que procura, mesmo nas circunstâncias mais desesperadoras. E, certamente, o fato do Profeta (que a paz e as bênçãos de Deus estejam com ele) ter recomendado esta sura à sua comunidade contra a tentação do Anticristo (Dajjal) deve ter um significado e uma sabedoria.

Naquele dia, em que a Surata Al-Kahf surgiu como uma luz de esperança, dissipando o clima de pessimismo, outros raios de esperança sobre a juventude, também do Alcorão, entrariam no meu mundo. Abraão, que encontrou a verdade em uma época em que sua tribo adorava ídolos coletivamente; Abraão, que foi lançado ao fogo e não queimou; Moisés no palácio de Faraó; José diante de Zuleica; João e Jesus entre os desviados e os que desviaram… A atitude de cada um deles não era prova de que uma situação absolutamente desesperadora nunca existiu; e que, mesmo nos momentos mais difíceis e nas situações de prova mais severas, era perfeitamente possível quebrar o molde e a forma daquele tempo e ambiente, encontrar a verdade e permanecer na verdade? Abraão, que não adorava ídolos na casa de seu pai, que era fabricante de ídolos; Abraão, que não foi contaminado pela idolatria em uma sociedade idólatra; e Abraão, que estava no fogo e não queimou, não era um homem de meia-idade ou idoso, mas um jovem…

‘Ser jovem nos últimos tempos’

Será que não poderia oferecer à minha mente, sobrecarregada com observações sobre a dificuldade da vida, um caminho, um rastro?

Afinal de contas, em cada um desses ambientes, onde a dificuldade não era menor para um do que para o outro, Abraão, Moisés, José, João, Jesus, todos eles, ainda jovens, superaram as trevas desses ambientes, alcançaram a verdade, iluminaram-se e iluminaram os outros.

Por outro lado, Salomão, filho do profeta Davi, um governante que vivia em riqueza e fama, no auge do conhecimento e do poder, era um exemplo de que a riqueza, a fama, o conhecimento e o poder não são necessariamente sinônimos de corrupção; e que um jovem pode permanecer fiel à verdade mesmo em meio a tudo isso.

Além disso, o Alcorão também apresenta exemplos de jovens mulheres que permaneceram íntegras em um ambiente corrupto. As filhas de Lut, em um ambiente onde até as mães seguiram o caminho da corrupção de toda uma nação, as filhas de Suayb na tribo de Madiã, cujas transgressões acabaram por trazer castigo sobre eles, e Maria, filha de Imran, são exemplos notáveis.

Não eram apenas esses exemplos corânicos que indicavam a possibilidade de um jovem crente permanecer firme no fim dos tempos, apesar das dificuldades de ser jovem nesse período. Além deles, havia também uma série de exemplos na época de felicidade (Asr-i Sa’adat). O Profeta, com a graça de Deus, extraiu da juventude da sociedade da Jahiliyya, contaminada por todo tipo de maldade, figuras que se tornaram exemplos para o mundo e para as gerações.

Ali, Cafer, Zubeir, Talha, Ammar, Abdullah ibn Masud, Zaid, Musab, Sa’d ibn Abi Waqqas,

esses eram os exemplos mais brilhantes desse fato em Meca. Este quadro também se apresentava na frente de Medina.

Zayd ibn Sábite, Muaz ibn Jabel, Sehl ibn Sa’d, Jabir ibn Abdullah, Zayd ibn Arqam, Salama ibn Akwa

Havia centenas, milhares de nomes como esse.

Hasan, Hussein, Usame, Abdullah ibn Omar, Abdullah ibn Zubeir, Abdullah ibn Abbas, Anas ibn Malik, Abdullah ibn Ja’far

Exemplos como esses também nos davam, como jovens criados nas mãos do Profeta (que a paz seja com ele), pistas sobre como ele se comunicava com os jovens e, portanto, como nós deveríamos nos comunicar com um jovem.

O elemento que atraiu todos esses nomes para o Profeta (que a paz seja com ele) foi, sem dúvida, a verdade de que ele era o mensageiro. No entanto, um ponto que requer atenção aqui é que o Profeta apresentou essa verdade sagrada aos jovens de uma forma verdadeira. O Mensageiro de Deus não era alguém que forçava, impunha, acusava ou desprezava. Ele serviu ao Profeta, a quem conheceu aos dez anos, por dez anos.

Enes b. Malik,

Ele contava, por exemplo, que durante aqueles dez anos nunca ouviu uma repreensão ou repreensão de “Por que você fez isso assim? Por que você não fez aquilo de outra maneira?”. Ele explicava que, embora às vezes esquecesse, não conseguisse ou se distraísse com brincadeiras, era assim. Fadl, filho de seu tio Abbas, conheceu um exemplo da educação cheia de compaixão e sabedoria do Profeta durante o Hajj de Adequação. Fadl olhou para uma jovem que viu ali perto, e eles trocaram olhares. O Mensageiro de Deus (que a paz seja com ele) percebeu isso.

“Você veio fazer a peregrinação, mas veja o que está fazendo!”

Ele nunca havia dito uma palavra desse tipo, nem sequer uma palavra para Fadl, apenas colocou a mão no rosto de Fadl e desviou levemente o rosto para outro lado.

Um grupo de jovens, enviados por suas tribos a Medina para aprender a oração e o Alcorão, sentiu saudade de seus pais e, naquele dia, o Profeta, acariciando-lhes as cabeças e as costas, os enviou de volta para suas terras. Na memória de muitos jovens companheiros que cresceram em Medina, havia uma série de acontecimentos, como o Profeta, ao retornar de uma viagem, colocá-los em cima de sua mula, animá-los em seus jogos, como corridas e lutas, oferecer-lhes as frutas que lhe eram trazidas, e, mesmo quando expressavam suas ideias com linguagem inadequada devido à ingenuidade da juventude, ouvi-los com paciência e tolerância…

E talvez o aspecto mais significativo dessa atitude profética em relação aos jovens tenha sido a confiança que ele depositava neles e a confiança que lhes transmitia. Enquanto ainda estava em Meca, enviou Musab ibn Umayr a Medina para pregar o Islã; Musab tinha vinte e quatro anos, e os corações de Medina conheceram o Islã por meio dele. Quando nomeou Usama ibn Zayd comandante da última expedição que preparou, Usama tinha apenas dezenove anos. Quando nomeou Attab ibn Asid governador de Meca, Attab tinha vinte ou vinte e um anos. Zayd ibn Sabit, a quem ele descreveu como o mais versado em jurisprudência entre os Companheiros, conheceu o Profeta aos quatorze anos e, quando essa afirmação foi feita, tinha no máximo vinte e três ou vinte e quatro anos.

Em resumo, uma das lições que o Profeta Maomé (que a paz esteja com ele) nos deu no processo que transformou a Era da Ignorância (Cahiliya) na Era da Felicidade (Asr-ı Saadet) foi a de como e de que forma abordar os jovens. Foi a lição de como, com delicadeza e sabedoria, lidar com essas almas jovens e entusiasmadas para que delas surgissem heróis da fé. Foi a lição de como despertar as sementes da fé sem esmagá-las ou quebrá-las em um ambiente de apatia. Foi a lição de que, se apresentada de forma verdadeira, os mais próximos de aceitar a verdade são, apesar de tudo, os jovens.

Por essa razão, uma frase de Martin Lings, autor de um dos primeiros livros que li com entusiasmo sobre a vida do Profeta Maomé (que a paz esteja com ele), ficou gravada para sempre na minha memória. Lings, um inglês que abraçou o Islã em idade jovem, se não me engano aos vinte e um anos, descrevia com uma sensibilidade poética como os jovens, ao contrário dos idosos, ricos, famosos e nobres, que resistiam ao chamado do Islã, se voltavam para ele com mais facilidade, e mesmo aqueles que não conseguiam abraçá-lo, mantinham uma postura mais próxima do Islã do que os outros:


“Claro que nem todos os jovens e os fracos aceitaram imediatamente o chamado divino; mas, pelo menos, não tinham a presunção que os impedisse de ouvir a importância e a intensidade do chamado, que dividia suas pequenas vidas como as notas de um clarinete.”



De fato,

Sempre foi assim.

A juventude, com seus picos de emoção e sentimento, apresenta uma série de desafios, como a imaturidade e a inexperiência; porém, o Criador Misericordioso também concedeu os contrapontos necessários para superar esses desafios. Ser jovem, por outro lado, significa ser um buscador. Ser jovem é estar em busca. Uma atitude do tipo “Eu já sei tudo. Não tenho nada a aprender com ninguém” não poderia ser a atitude de um jovem. Um jovem, portanto, não poderia fechar os ouvidos a uma verdade que lhe é apresentada desde o início. A curiosidade por saber, a sede de aprender, a humildade que vem com a consciência de estar no início da jornada da vida, são elementos que colocam o jovem em vantagem na aceitação da verdade.


‘A era da rebelião’

Era a juventude.

‘Período da adolescência’

O que se chama de “período de dúvida e contestação” é um momento em que se questiona tudo o que se aprendeu até então. O Deus Misericordioso concede a cada um, ao entrar na juventude, uma tal disposição espiritual para que não deixe sua razão à mercê de outras mentes, mas que pense e analise por si mesmo, superando todos os obstáculos e imposições que impedem a busca da verdade.

A aparição de Abraão como um monoteísta na casa de Azer, o fabricante de ídolos, em uma tribo politeísta, era devido a este segredo. A ascensão de Moisés como um monoteísta na corte do Faraó também era devido a este segredo. Da mesma forma, o segredo explica por que Huzeyfe, filho de Utbe, chefe de Meca, Abdullah, filho de Suhaíl, um dos principais de Meca, e sua filha Sehle, Ramla, filha de Abu Sufyan, que chamava seu avô, o Profeta, de “ebter” (sem descendentes), e seu pai desenvolvia estratégias contra o Islã, enquanto Abdullah, filho de Amr ibn Âs ibn Vâil, e os filhos de Abu Uhayha Saíd ibn Âs, Khalid e Amr, estavam entre os primeiros muçulmanos. A conversão sincera e séria de Abdullah, filho de Ibn Ubey, chefe dos hipócritas de Medina, e de Hanzale, filho de Abu Âmir Fâsık, um dos mais implacáveis inimigos do Islã em Medina, também se deve a este segredo.

No entanto, esse mesmo “espírito de rebeldia” podia trazer resultados contrários quando a verdade era apresentada de forma errada. Se uma verdade era apresentada de forma incorreta, imposta, forçada, com violência, a mesma alma jovem podia rejeitar a verdade. De fato, por exemplo, nestas terras, enquanto muitos filhos de famílias distantes da vida religiosa se voltavam para a religião, os filhos de famílias religiosas que não conseguiam apresentar a verdade de forma correta se afastavam de uma vida religiosa.



Em resumo.

, os jovens tinham uma ferramenta que lhes permitia encontrar a verdade em todos os tempos e lugares – inclusive nos últimos tempos; mas para que essa ferramenta funcionasse,

Era necessário que a natureza humana se rebelasse contra a decadência.

Era essencial que a verdade fosse apresentada de forma correta.

Pessoalmente, eu acredito nisso; por isso, por mais difícil que seja ser jovem nos últimos tempos, acredito que todo jovem tem um potencial inerente para aceitar a verdade. Além disso, vejo todo jovem, independentemente de sua situação atual, como alguém com uma predisposição para a verdade.

Mesmo que vivamos numa era em que os corações são escravos e as almas são exaltadas; mesmo que, neste tempo, os cães sejam libertos e as pedras amarradas; mesmo que, neste período, a moderação seja considerada loucura e a “loucura” seja vista como sabedoria; mesmo assim, o jovem do fim dos tempos ainda pode encontrar a verdade. O fato de que, mesmo na Europa, onde se vive as condições do fim dos tempos de forma mais intensa, onde as almas são mais livres e onde se tem acesso aos meios materiais para fazer o que se quer, milhões de jovens tenham escolhido o Islã, e um número ainda maior esteja a caminho de encontrar a verdade, nos grita essa verdade. Mesmo neste país, onde ser “religioso” pode ser motivo de privação material e espiritual e de desprezo, milhares, centenas de milhares, talvez milhões de jovens circulam entre nós. Neste país, existem jovens homens que, mesmo que as portas lhes sejam fechadas e sejam tratados como loucos, não abandonam a oração; jovens mulheres que, mesmo sabendo que podem enfrentar inúmeras dificuldades à porta da universidade e não tendo uma única mulher de família que as apoie, podem cobrir-se por consideração à vontade de seu Senhor.

Sei que ser jovem nos últimos tempos é difícil. Sei também que ser um jovem crente nos últimos tempos não é mais fácil. Mas milhões de exemplos como esses, que vemos acontecendo no Oriente e no Ocidente, nos mostram claramente que o que é “difícil” não é “impossível”.

E, com o espírito de um homem de compaixão e sabedoria que dizia olhar para todos os jovens, sem exceção, com a atitude de um amigo, quero que olhemos para este acontecimento, acompanhado pela natureza contra a decadência, pelas perguntas contra as respostas fáceis, pelas verdadeiras buscas contra as portas erradas. Quero que olhemos para cada jovem que busca com esse olhar, e para cada jovem que superou mil obstáculos e encontrou a verdade, com o olhar de um “santo dos últimos tempos”.


Porque, ser jovem no fim dos tempos é estar no fogo. Ser um jovem crente no fim dos tempos é não queimar no fogo.


Na era final, o jovem crente é, sem dúvida, um exemplo de Abraão no fogo. Moisés no palácio de Faraó é um exemplo de José diante das Zuleiças da época.


E, quando o segredo que não queimou Abraão no fogo, que não desviou Moisés no palácio de Faraó, que não enganou José diante de Zuleica for descoberto, o caminho para ser um jovem crente no fim dos tempos certamente será visto.


Com saudações e bênçãos…

O Islamismo em Perguntas e Respostas

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