– Poderia explicar a tradução da Surata Al-Fatiha para o persa por Salman al-Farsi e a permissão de Imam Abu Hanifa para que a tradução persa da Surata Al-Fatiha fosse recitada na oração?
Caro irmão,
No entanto, o incidente de Salman, relatado também por Serahsî, não poderia ter ocorrido durante a vida do Profeta (que a paz seja com ele) e com sua permissão. Porque se diz que a conversão dos persas ao Islã ocorreu após a morte do Profeta (que a paz seja com ele).
Além disso, a fatwa de Imam-ı Âzam de que a tradução persa da Surata Fatiha pode ser lida na oração é aplicável a uma situação específica:
Pertence àqueles que estão localizados em lugares distantes do centro do Islã.
Segundo uma tradição, a tradução para o persa, considerado a língua do paraíso, é a mais apropriada.
Foi concedida uma permissão especial para a Fatiha. Assim, aqueles que não conhecem a Fatiha não abandonem a oração.
É permitido para aqueles que desejam entender os significados sagrados da Fatiha com um sentimento que vem da força da fé. No entanto, traduzir a Fatiha e abandonar sua forma original árabe, por um sentimento que vem da fraqueza da fé e do ódio à língua árabe, que é a língua do Alcorão, é abandonar a religião!
Também se relata que o Imam Azam mudou de opinião sobre essa interpretação.
A questão de em que idioma deve ser recitada a leitura obrigatória na oração (qira’ah) é tratada principalmente nos livros de metodologia da jurisprudência islâmica (usul al-fiqh). Há consenso de que o Alcorão não apenas possui um significado divino, sagrado e único (mu’jiz), mas também que sua forma verbal possui a mesma natureza. Também não há divergência de opinião sobre a obrigatoriedade da recitação do Alcorão na oração. O Alcorão também declara que ele é em árabe. A junção desses dois mandamentos leva à conclusão de que “é obrigatório recitar o Alcorão na oração no idioma em que foi revelado”. O Profeta (que a paz esteja com ele) também disse: Como o texto traduzido não é o mesmo, quem recita a tradução da Fatiha não é considerado como tendo recitado a Fatiha.
Todos os estudiosos, baseando-se nessas evidências, concordam que, para alguém que sabe ler em árabe, a recitação em outro idioma durante a oração não é permitida e válida. Ibn Hanbal, em um parecer que, segundo se relata, ele posteriormente abandonou, disse… A base e a evidência para esse parecer de Abu Hanifa não foram explicadas por ele mesmo. As evidências apresentadas por alguns estudiosos que o interpretaram foram consideradas fracas. A escola de pensamento Hanefita adotou o parecer da maioria, incluindo Abu Hanifa, Abu Yusuf e Muhammad, e as fatwas foram emitidas de acordo com isso; nessa decisão, não se fez distinção entre quem ora sozinho, quem é imam e quem ora em comunidade.
Este é o parecer da jurisprudência islâmica (fiqh) sobre a questão da recitação (qira’ah) na oração. Alguns teólogos que defendem a recitação em turco na oração, por razões políticas, ideológicas e pragmáticas, em vez de religiosas e científicas, cometem deliberadamente distorções e artimanhas ao explicar o assunto da qira’ah na jurisprudência islâmica. Para destacar os pontos mais importantes que chamaram nossa atenção – indicando a verdade do assunto – devemos listá-los:
A retração de Abu Hanifa de sua interpretação não foi relatada apenas por Nuh ibn Maryam. Ali ibn al-Ja’d, um dos alunos de Abu Yusuf, também a relatou. Mencionar apenas Nuh ibn Maryam e tentar provar que ele não é um narrador confiável é uma falácia.
Serahsî, em sua obra *Mebsût*, após relatar a interpretação de Abu Hanifa, registra também que o Imam a considerava repreensível (makruh). Omitir ou ocultar isso é contrário à honestidade. Na mesma obra, é registrado que Salman al-Farsi traduziu a Fatiha para o persa; e que os persas, até que suas línguas se acostumaram ao árabe, recitavam essa tradução em suas orações. Ocultar essa parte da declaração ao público não se encaixa na ética da ciência. A decisão de que aqueles que não conseguem ler em árabe podem ler em outra língua até que se acostumem já foi adotada por muitos estudiosos. Serahsî também abordou esse assunto em seu *Usul*, escrito na área de Usul al-Fiqh, e fez a seguinte avaliação resumida: tanto a forma quanto o significado do Alcorão são únicos e insuperáveis. Há consenso entre os imames hanafitas sobre isso. Quanto à recitação na oração, segundo dois alunos do Imam, ambos os elementos (tanto a forma – que é o árabe – quanto o significado) devem estar presentes na recitação. Ao ler a tradução, apenas o significado (um dos elementos) pode estar presente, o que – para aqueles que podem ler em árabe – não é suficiente. Segundo seus professores, no entanto, ambos os elementos são sagrados e únicos, mas quando um (apenas o significado) está presente, é suficiente para a oração; porém, ler a tradução é makruh (repreensível), pois é contrário à Sunna do Profeta (s.a.w.) e à prática dos séculos.
Serahsî não abordou a questão da revogação (rujūʿ) por Abū Hanifa em Mebsût, mas incluiu a narrativa de sua revogação em seu comentário sobre al-Mahīt e al-Jāmiʿ al-ṣaغīr.
O incidente de Salman, relatado por Serahsî, não poderia ter ocorrido durante a vida do Profeta (que a paz seja com ele) e com sua permissão. Porque se diz que a conversão dos persas ao Islã ocorreu após a morte do Profeta.
Em seu comentário sobre o livro de princípios de Al-Ansari, intitulado “Mussalimu’s-Subut”, é registrado que Habib al-Ajam, um grande nome do Islã e amigo de Hassan al-Basri, leu a recitação obrigatória em persa porque não era fluente em árabe e não conseguia ler em árabe. A omissão de parte dessa declaração por alguns teólogos que a reproduzem é uma falácia.
Alguns teólogos, não encontrando o que procuravam nos livros de jurisprudência islâmica (fiqh), recorrem a livros de história e viagens, transcrevendo informações e usando-as como prova para suas teses. No entanto, no que diz respeito à prática correta do culto, as práticas posteriores à era dos Companheiros (Sahaba) não servem como prova. Além disso, a possibilidade de erro sempre existe.
O famoso comentarista do Corão, Zemahşerî, fez a seguinte importante explicação sobre a permissão de Abu Hanifa: Segundo ele, a permissão depende da condição de que o significado contido na expressão árabe seja totalmente transmitido para outra língua. Como ele não conhecia o persa, baseou sua decisão em uma suposição de que isso seria possível. Sabemos que isso não é possível; portanto, sua afirmação é equivalente a dizer que não é possível, e é isso que ela significa.
É um exemplo a ser seguido o fato de que aqueles que, quando não lhes convém, ignoram os livros de jurisprudência e as fatwas das correntes de pensamento legítimas, e até mesmo os hadiths autênticos, ao tomarem decisões e julgamentos com base em razões e motivações não religiosas, recorrem à jurisprudência para comprovar um ponto, aderem a uma interpretação abandonada na corrente de pensamento, e apresentam como prova narrativas e práticas históricas cuja veracidade e detalhes não podem ser verificados.
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Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas