Caro irmão,
A ciência é uma atividade totalmente relativa e não é absoluta.
Açıkgenç afirma que a ciência é “uma atividade genuinamente humana” e, à luz dos dados obtidos da história da ciência, faz a seguinte definição:
“Ao conjunto de conhecimentos ordenados, obtidos por um método específico em torno de um tema claramente definido e delimitado, durante o processo em que um especialista está atuante, e que é nomeado graças à consciência científica, chama-se…”
ciência
diz-se.”
[Açıkgenç, A. (2006). Conhecimento e Ciência na Civilização Islâmica, Istambul: İSAM., p. 20].
A importância desta definição para o nosso tema é clara em três aspectos:
- A religião pode contribuir significativamente para o conhecimento científico, iniciando um processo que resulta na formação e no surgimento das ciências.
- A ciência não pode ser analisada de forma independente da sociedade em que está inserida (sociologia do conhecimento).
- A ciência é uma atividade totalmente relativa e não é absoluta.
É importante levar em consideração essas definições nas discussões sobre religião e ciência. Afinal, o entendimento adequado das discussões religião-ciência, que surgiram principalmente na civilização ocidental e, posteriormente, se espalharam pelo mundo com objetivos imperialistas, afetando outras culturas e civilizações, depende disso. É evidente que a definição de religião na civilização ocidental não é a mesma que a definição que apresentamos acima.
[Tümer, Günay, (1994). “Religião”, Istambul: TDV Enciclopédia Islâmica, volume: 9: 312-320.].
O pensador muçulmano contemporâneo Nakib al-Attas (n. 1931) aponta para a distorção da “compreensão da religião” da civilização ocidental, que absolutiza o conhecimento e o considera a única autoridade, e para a devastação causada pela secularização. Ele afirma que a secularização leva à perda da identidade islâmica e da integridade social das pessoas. Afirma ainda que o conhecimento, produto dessa metodologia e apresentado como conhecimento absoluto, traz mais sofrimento do que paz.
[Birekul, M. (2012). “A Construção Social do Conhecimento: Reconsiderando a Islamização do Conhecimento como uma Construção de Realidade Social”, Milel ve Nihal, vol. 9, pp. 49-74.].
A Ruptura na Relação Religião-Ciência
Com o surgimento da compreensão positivista da ciência no século XIX, a relação entre religião e ciência começou a se deteriorar, em detrimento da religião. Em nome da ciência, a religião e tudo o que a ela pertencia foram rotulados como superstição e rejeitados. Como resultado da compreensão positivista, a “razão (racionalidade) foi percebida como a característica fundamental da cientificidade. Outras atividades de obtenção de conhecimento foram consideradas apenas interpretações ou discursos irracionais”.
(Açıkgenç, op. cit., p. 21).
Com saudações e bênçãos…
O Islamismo em Perguntas e Respostas